quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Frente a Frente - Fanfic especial de Natal

Olá pessoal!

Como eu já havia antecipado na postagem anterior, hoje venho trazendo para vocês mais um presente de Natal.

Bom, a fanfic é um presente de Natal, mas ela mesma não tem como tema o Natal rsrs 
Na verdade, a fanfic fala sobre um encontro. Ela é bem curtinha, então, mesmo que seja chata, não vai dar tanto trabalho para ler kkkkkk

A inspiração para a fanfic veio das minhas próprias experiências pessoais, tipo.. no começo da minha adolescência, que é uma fase bem difícil em que a gente não se compreende bem. Então, me baseei na minha própria história para contar como foi o encontro com meu primeiro amor, que aos meus olhos eu considerava como a minha alma gêmea, por que era um sentimento puro, único e sincero, algo que eu só senti uma vez na vida.


FRENTE A FRENTE





Eram os meus olhos. Só que mostravam algo que faltava em minha alma.

Nunca tinha notado. Desde a segunda série eu estudava no mesmo colégio. Eram os mesmos alunos, os mesmos professores, as mesmas paredes, o mesmo teto e o mesmo mato alto no terreno dos fundos da escola. Às vezes a pintura mudava, mas aquele sentimento juvenil e travesso permanecia o mesmo, e o cheiro de mato também.

Sempre fui a melhor aluna da turma quando fazia o fundamental. Dificilmente tirava nota oito, minhas notas sempre partiam de 9 a 10. Mas ninguém ligava, afinal, sabiam que desde o primeiro dia quando cheguei naquela escola, fui alvo dos olhares gananciosos dos professores, que tinham orgulho de dizer “essa é MINHA aluna”. Porque eu era inteligente, extremamente dedicada, esforçada e antissocial, ao contrário dos outros, que não se importavam em tirar boas notas, que só se importavam com o lanche da cantina, a hora do recreio e conversas banais.
Doze. Acho que tinha doze anos quando o vi pela primeira vez. Não sei, talvez o tenha visto muito antes, numa outra dimensão. O fato é que meus olhos não prestaram a devida atenção e só depois de algum tempo me dei conta que tinha deixado algo muito importante passar despercebido.

Eram os meus olhos. Só que mostravam algo que faltava em minha alma.

Sempre fui a melhor... Mas por quê? Que diferença faz ser uma aluna exemplar ou uma aluna comum?
Eu não tinha qualquer sonho ou ambição. A única coisa que me motivava era saber que minhas boas notas deixariam meus pais satisfeitos e orgulhosos de mim. Estudar, naquela época, era o meu refúgio. Os livros eram os meus únicos amigos. E, além disso, era uma das poucas coisas em que eu era boa de verdade.
As garotas da minha sala costumavam falar de romance. Ficavam empolgadas quando alguém comentava sobre um garoto bonito.

Atração, hormônios a flor da pele, a vontade de ser a namorada de alguém.

Talvez ninguém achasse que esses também fossem os meus sentimentos. A garota fria que não pensa em nada a não ser em estudar... Ela também seria humana?

Tantas eram minhas dúvidas e conflitos nessa época. Parecia que o mundo inteiro desabaria na minha cabeça a qualquer momento. Eram tantos sentimentos confusos. Às vezes as lágrimas caíam sem razão aparente. Mas ninguém sabia. Porque as lágrimas sempre caíam no chão do banheiro e escorriam pelo ralo, sem deixar nenhum vestígio de sofrimento. Então a garota sensível e confusa não se mostrava, continuava sendo para o mundo a garota fria que não pensava em nada a não ser estudar, estudar e estudar...

Mas numa noite, enquanto tentava adormecer na minha cama, um flash de luz apareceu nos meus pensamentos. Algo que durante o dia, meus olhos não haviam prestado atenção.
Existia alguém naquele colégio, alguém que um dia apareceu em meus sonhos.
Quem era ele? Qual o nome dele? Em que sala estudava?
As perguntas foram surgindo e meu coração implorava por respostas.
Por que aquele olhar me prendeu sem nem mesmo ter prestado atenção nele? O que havia de tão especial naquela pessoa?

No dia seguinte, fui para o colégio e finalmente resolvi prestar atenção naquela pessoa...
Ele me atraía. Eu queria vê-lo de perto. Porém, ele sempre sumia na multidão de estudantes. Eu o procurava, mas logo o sino tocava e os alunos corriam para suas salas de aula.
Como vou saber... Como vou saber o que ele tem de tão especial se nem mesmo posso olhar nos olhos dele? Como vou saber se nem consigo falar com ele?
A verdade é que era difícil vê-lo, assim como tentar qualquer aproximação. Sempre o via de relance, às vezes de costas, às vezes de perfil e raramente de frente uma vez ou outra na hora do recreio, mas, infelizmente, nossos olhos nunca se cruzavam. Será que ele sabia da minha existência?
Minhas perguntas continuavam sem resposta. Meu coração, a cada dia que passava, ficava mais e mais apertado dentro do peito. Quem é ele? E por que permanece sempre tão distante de mim? Será que nunca poderei alcançá-lo? Qual seria a reação dele se, de repente, uma garota maluca corresse em sua direção e lhe perguntasse seu nome, idade, sala em que estuda, data do aniversário, rua onde mora...?
Talvez ficasse assustado. Talvez começasse a rir de mim. Ou talvez...
Isso é o que chamamos de primeiro amor? Minha cabeça estava confusa...
Até que um dia, num dia comum e tedioso como qualquer outro dia de aula, aconteceu algo inesperado.

Enquanto eu o seguia com os olhos, tentando ver onde era sua sala de aula, assim como nos outros dias, eu também o perdi de vista. No entanto, a chave do cadeado da minha sala de aula quebrou, a porta continuou trancada e nós ficamos do lado de fora, sem ter onde estudar.
A professora começou a ficar estressada, pedindo grosseiramente para que consertassem a chave imediatamente ou que encontrassem outra sala para que ela pudesse dar aula.
Os meus colegas de sala gritavam de alegria. Eles nem mesmo se davam ao trabalho de esconder o fato de estarem muito felizes com toda aquela situação. Estavam torcendo para que não tivesse aula e todo mundo fosse mandado de volta para casa.
Mas a professora não ia desistir tão facilmente. Ela exigiu outra sala, então, desesperado e tentando evitar confusão, o funcionário da limpeza resolveu guiar todos nós (a turma inteira e a professora) para uma sala de aula que estivesse desocupada.
O único problema é que a sala em que ele nos levou não estava desocupada.

Foi então que pela primeira vez na minha vida acreditei em milagres.

Em frente à porta daquela sala, um anjo apareceu.
Estava todo vestido de branco e sua alma reluzia. Seria uma mera alucinação? Estaria eu já ficando louca com apenas doze anos de idade?
Ele ficou parado na porta por poucos segundos. E eu estava lá, no lugar certo e na hora certa, diante dele, bem de frente para a porta.

Fiquei frente a frente com um anjo.

Estávamos há mais ou menos um metro e meio de distância um do outro. Ele tinha os cabelos castanhos claros e a pele branca. Estatura mediana para um garoto de 13 anos. Era magro e tinha um sinal acima da boca. Essa era a primeira vez que eu conseguia observa-lo tão de perto. Suas feições eram suaves e perfeitas, assim como as de um anjo.
Então ele me encarou. Fiquei paralisada. Segurei meu caderno apertado contra o corpo. Meu coração foi a mil em apenas alguns milissegundos.
Ele olhou dentro dos meus olhos e eu me senti decifrada. Ele via a minha alma e eu via a dele também. E seus olhos eram iguais aos meus, mas mostravam algo que faltava em minha alma.

Era como ver a mim mesma, só que banhada em perfeição. 

Nos olhos daquele anjo eu via alguém com uma alma idêntica a minha, mas ao contrário da minha, em que havia um grande vazio e tormento sem precedentes, na alma dele eu via um mundo preenchido de flores e felicidade. Eu via uma luz diferente, que ofuscava o meu espírito sombrio e me puxava para um céu azul cintilante. Eu via nele tudo que eu queria ser. Eu seria ele se minha vida até aquele momento não tivesse me deixado tantas cicatrizes.

Foram poucos segundos, mas por um breve momento achei que o tempo tivesse parado. Tudo ao meu redor parecia mais lento e em preto e branco, como em filmes de cinema.
Branco... Nesse momento me dei conta de que ele gostava de vestir branco. O que isso significava?

Talvez a pureza dos nossos sentimentos.

Quando ele voltou para dentro da sala, a minha professora nos levou para o pátio e nos obrigou a sentar no chão até que o diretor resolvesse o problema da sala trancada. Para mim aquilo pouco importava, pois a única coisa em que conseguia pensar naquele momento era nos segundos que aquele anjo ficou diante de mim, me encarando, olhando dentro dos meus olhos com tanta sinceridade.
Senti como se a minha existência dependesse daqueles míseros segundos que se passaram diante dele.

Eu nasci para aquele dia.

Eu nasci para presenciar aquele milagre.

Eu nasci para amá-lo por toda a eternidade.


 ~~Fim~~





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