sábado, 18 de julho de 2020

Recomendação de série: Dark

Olá pessoal!

Hoje estou aqui para fazer uma recomendação de série! hehe



Confesso que eu não conhecia Dark até recentemente, quando li uma postagem no Twitter sobre essa série.

Bom, quando li a respeito de Dark, fiquei com vontade de assistir por ser uma obra que aborda a temática de viagem no tempo. Eu adoro histórias sobre viagem no tempo, então pra mim foi um prato cheio!


No entanto, confesso que quando comecei a assistir a série pensei em dropar. O primeiro episódio foi interessante mas não me fisgou, o segundo também, o terceiro, o quarto... Até que cheguei ao quinto episódio e finalmente viciei.

Eu poderia ter dropado Dark antes do quinto episodio, mas simplesmente não dropei por intuição. Mesmo que eu não estivesse gostando tanto assim, alguma coisa me dizia que eu deveria continuar assistindo por que em algum momento eu iria me surpreender. E minha intuição estava certa. Muito certa! Depois do quinto episodio, as coisas finalmente começam a fazer sentido e não tem mais como você querer largar essa série de tão incrível e bizarra que ela se torna!




Mas vamos lá... tentarei falar um pouco sobre o enredo sem dar tantos spoilers...

Dark se passa na Alemanha, numa cidade fictícia chamada Winden, onde se encontra uma usina nuclear em atividade. Digamos que a usina nuclear é usada para "justificar" as coisas estranhas que acontecem na cidade, afinal, muitas das propriedades dos materiais radioativos ainda são um mistério até hoje... 

Agora imagine que você mora perto dessa usina nuclear e lá perto também tem uma caverna bem assustadora... O que você faria se fosse um adolescente confuso? Provavelmente se meteria em problemas e iria parar dentro dessa caverna... Bom, entrar numa caverna escura que fica ao lado de uma usina nuclear não é lá das melhores ideias... Talvez você acabe indo parar em outro tempo...



O que vocês precisam saber antes de começar a assistir essa série é que ela tem um enredo meio arrastado, porém que vale muito a pena acompanhar.

E por que vale a pena?

Posso dizer com tranquilidade que Dark é uma das melhores obras que eu já assisti com a temática sobre viagem no tempo. Muito bem escrita, onde tudo se conecta de um jeito que faz com que você fique de queixo no chão. O roteiro da série em si utiliza como base algumas teorias físicas, como o buraco de minhoca, o paradoxo de bootstrap, a partícula de Deus e o gato de Schrödinger.


O buraco de minhoca explica como é possível viajar no tempo. Já o paradoxo de bootstrap, explica como é possível um objeto (ou pessoa) existir sem ter uma origem definida, ou seja, algo do futuro que foi para o passado e por isso ele existe no futuro (faz sentido? Não, não faz hahaha). A partícula de Deus também explica a viagem no tempo, a possibilidade da existência de mundos paralelos e a viagem entre eles. E por fim, temos o gato de Schröndinger, que explica o por que uma pessoa pode estar viva em um mundo e morta num mundo paralelo.

Eu, que já fui estudante de física (abandonei a faculdade no terceiro ano e depois fui fazer design kkkkk), me senti voltando aos meus delírios juvenis de poder imaginar como seria se pudéssemos viajar no tempo ou até mesmo ir para mundos diferentes, onde haveriam outras versões de nós mesmos...


É claro que as teorias físicas são só teorias, e nunca foi provado que seria possível mesmo viajar no tempo ou que realmente existam mundos paralelos. No entanto, o imaginário humano permite que possamos fazer isso acontecer através da ficção.


Atenção: O conteúdo a seguir contém spoilers

Gostaria de comentar um pouco sobre alguns trechos da série e precisaria entrar em detalhes, no caso, dar spoilers.

Começando com Jonas e Martha e a relação complicada deles. Também chamados de Adão e Eva, eles se tornaram o centro de tudo. Devo confessar que adorei a analogia bíblica.



Martha é tia de Jonas, pois o irmão mais novo dela, Mikkel, viajou no tempo, foi parar no passado e sem conseguir voltar para o seu tempo de origem, acabou vivendo por lá, onde conheceu a mãe de Jonas ainda criança e os dois acabaram se casando anos depois. O primeiro episódio da série mostra Mikkel já adulto cometendo suicídio. 

É claro que Jonas e Martha não sabiam que eram parentes e acabaram se apaixonando. Por causa desse sentimento e também por causa da morte de seu pai, Jonas está disposto a fazer qualquer coisa para que as coisas voltem ao "normal". Primeiro, ele quer impedir que Mikkel viaje no tempo, mas se ele fizer isso, ele nunca poderá nascer... Depois, ele quer impedir que seu pai cometa suicídio, mas se ele fizer isso, Mikkel também não viajaria no tempo... A partir daí fica claro que quanto mais ele tenta mexer na linha do tempo, mais as coisas acontecem como antes. Os acontecimentos não podem ser impedidos ou revertidos, pois eles já aconteceram, o passado e o futuro estão conectados de maneira intrínseca.



Jonas e Martha são os protagonistas da história, no entanto, outros personagens também ganham destaque e tem muita importância na trama.

Claudia, por exemplo, se torna uma viajante do tempo quando a versão mais velha dela vem do futuro e entrega a ela uma máquina do tempo que funciona com material radioativo. Claudia acaba descobrindo os segredos escondidos por trás da viagem no tempo e da viagem entre os mundos. Se não fosse por ela, nada teria voltado "ao normal" no final da história.



Devo confessar que dentre as histórias de todos os personagens, aquela que mais fez o meu cérebro fritar foi a história de Charlotte e Elizabeth.

Charlotte é mãe de Elizabeth. No entanto, a própria Charlotte não sabia quem eram seus pais. Depois, ela acaba descobrindo que é filha de um viajante do tempo, e que a mãe dela na verdade é Elizabeth, que também é sua filha.



Sim, eu passei horas tentando entender como diabos a mãe pode ser mãe e filha da própria filha ao mesmo tempo. Na verdade, Charlotte foi roubada por ela mesma e por sua mãe no futuro, e levada ao passado. Elas são um exemplo de paradoxo de bootstrap.

Sobre o final da série, algo que eu realmente gostei foi que os roteiristas nos deram uma explicação simples, porém muito bem construída do porque todas aquelas coisas loucas estavam acontecendo. Haviam dois mundos paralelos, e Jonas estava em busca da origem de tudo. A origem, no caso, seria o que causou o looping nos acontecimentos dos dois mundos, fazendo com que tudo se repetisse de novo e de novo, sem perspectiva de mudança. Jonas achava que a origem estava no filho dele com a Martha do outro mundo, porém, Claudia descobriu que a origem de tudo estava em um terceiro mundo, chamado "mundo de origem".



No mundo de origem, o relojoeiro H. G. Tannhaus acabou construindo uma máquina do tempo para tentar trazer seu filho, sua nora e sua neta de volta a vida. No entanto, em vez de conseguir voltar no tempo para salvar seu filho, ele acabou dividindo o mundo dele em dois mundos paralelos cheios de "falhas", ou, em outras palavras, um nó quântico. Pra ser sincera, quando a Claudia explicou isso para o Jonas, eu meio que fiquei "minha nossa, agora tudo faz sentido". Desde o começo eu sempre tive a sensação de que o Tannhaus tinha alguma coisa a ver com a viagem no tempo, e eis que eu estava certa, foi ele o responsável por tudo. 

Eu entendi o final da série como uma equação matemática onde as variáveis se anulam mas nunca se chega ao zero. E no caso, era preciso adicionar outra variável para finalmente chegar à resposta certa.



Uma das coisas que eu mais gostei na série foi que ela conseguiu se embasar bem nas teorias físicas, que como eu disse antes, são só teorias, mas quando você as utiliza na ficção, tudo fica mais interessante!

Antes de finalizar essa postagem, vou deixar aqui a minha música favorita da série, que tocou no final da segunda temporada: 



Bem pessoal, vou ficando por aqui. Confesso que até queria escrever mais porém percebi que quanto mais eu escrevo sobre essa série mais eu fico louca com as teorias kkkkk O roteiro de Dark é bastante complexo, cheio de nuances e detalhes, então você precisa ter paciência e uma cabeça boa pra ligar todos os pontos hahaha

Até mais!



Recomendação de mini drama: Hello Dracula

Olá pessoal!

Hoje venho fazer aqui uma recomendação (e uma pequena resenha também) de um mini drama muito emocionante que vai te fazer chorar!

Bom... Como posso começar? Talvez pela sinopse, certo? Vamos lá...



Sinopse: Três vizinhas enfrentam problemas que querem evitar, mas precisam encarar de frente seus dilemas. 
História 1: Anna mora com sua mãe Miyoung, e vive de acordo com os desejos de sua mãe. Porém, ela esconde um segredo que não pode contar a ninguém.
História 2: A área onde Yura e sua família vivem passará por um processo de reconstrução, e ela terá de se mudar, deixando a pessoa que gosta para trás.
História 3: SeoYeon é a vocalista de uma banda indie. Ela não consegue superar o namorado com quem já terminou há um ano.



Hello Draculla é um drama cuja protagonista é lésbica. E por que isso é tão importante? Bem, sabemos que na Coreia a homossexualidade ainda é um grande tabu. Homofobia é escancarada e raramente temos alguma representatividade mostrada na tv através de personagens homossexuais, principalmente mulheres. Então, definitivamente Hello Draculla é uma obra que merece ser conferida. Se você é dorameira e ainda não viu, que tal dar uma chance?

Anna, a protagonista da história, tem sérios problemas com sua mãe. E isso acontece por que a mãe dela, mesmo sabendo que Anna era lésbica desde adolescente, ignorou esse fato e fingiu que não sabia, e isso só aumentou a insegurança e o sofrimento de sua filha, que precisava do apoio incondicional da mãe no momento difícil de auto aceitação.



Desde pequena, Anna sentiu o peso em seus ombros de ter que ser a filha perfeita e sempre fez o que sua mãe quis. Depois de adulta, ela escondeu um relacionamento de 8 anos com uma mulher, por que tinha medo de não ser aceita pela mãe, que cobrava a ela um relacionamento com um homem. Após o término com a namorada, Anna ficou deprimida e se sentia cada vez mais sufocada, pois a única pessoa com quem ela queria compartilhar suas dores, não poderia entende-la.



O drama mostra como a relação de Anna e de sua mãe evolui quando elas começam a ser mais sinceras uma com a outra. Apesar de morarem na mesma casa, elas não conversam, mas a partir do momento em que elas começam a dialogar mais, a expressarem seus sentimentos e frustrações, a dizerem o que realmente sentem, mesmo que isso cause desentendimentos e brigas, no final, elas conseguem uma reconciliação.

Além disso, também temos duas histórias paralelas à história de Anna.



SeoYeon é uma mulher que resolveu seguir o seu sonho de ser cantora, porém nunca conseguiu estar nas paradas de sucesso nem ganhar muito dinheiro com isso. Seu namorado acabou terminando o relacionamento com ela e usou a desculpa de que ela era imatura por continuar seguindo seu sonho. Mesmo depois de um ano de término, SeoYeon não conseguiu superá-lo. Até que finalmente ela consegue entender o motivo pelo qual os dois nunca poderiam dar certo juntos.

Há um trecho de uma discussão dela com o namorado que eu gostaria de transcrever aqui, por que ele me marcou bastante:

"Você pensa que apenas as suas coisas são incríveis e importantes? Para mim, música é incrível e importante. E eu ainda continuarei.
Quem é você para julgar a vida das outras pessoas? Se você gosta de viver assim, então continue vivendo do seu jeito! Mesmo se eu for parar no esgoto, eu ainda vou escolher a música! Mesmo se eu feder, eu ainda vou estar me sentindo no topo do mundo!"



Eu me identifiquei muito com a Seoyeon nesse quesito de "estar fazendo o que gosto mesmo que isso não me traga nenhuma riqueza". Eu abandonei a faculdade de física e depois resolvi fazer design e consegui me formar. Porém, atualmente não sigo a carreira de designer, trabalho mais como artista e artesã do que designer. Faço ilustrações, lettering, cadernos artesanais... E eu amo fazer isso. Porém, talvez muitas pessoas não vejam isso como um trabalho de verdade e sim apenas um hobby. Assim como a SeoYeon, eu estou chegando nos meus 30 anos e por causa do julgamento dos outros, sinto que deveria largar o meu sonho de ser artista e tentar arrumar um "emprego de verdade". No entanto, eu sinto que se eu fizer isso, minha vida não fará mais sentido, por que eu estaria desistindo da única coisa que eu amo de verdade, a única coisa que faz com que eu me sinta viva. 



Anna e SeoYeon também trabalham como professoras do fundamental 1. E uma de suas alunas, Yura, que é uma menina muito fofa e alegre, conhece o seu primeiro amor, Ji Hyeong. No entanto, as coisas se tornam difíceis para os dois pombinhos por que Yura terá que se mudar do bairro devido a um "redesenvolvimento". Basicamente, sua casa será demolida para dar lugar à novos apartamentos caros.

Yura não quer se mudar. Ela não quer deixar seu namorado nem seus amigos. Porém, não há nada que ela possa fazer.

O desfecho dessa história pode não ser como nos contos de fadas, afinal, esse drama é do tipo pé no chão. Ele mostra de forma crua como são as relações humanas e que elas não são nada fáceis, sejam elas entre mãe e filha, entre namorados ou até mesmo entre professoras e alunos.



Bom, acho que para uma resenha de mini drama eu escrevi até demais hehehe Vou ficando por aqui, espero que tenham gostado da recomendação! E aguardem novas postagens! Bye! 




domingo, 12 de julho de 2020

Postagem especial: Métodos para escrever uma história (fanfics)


Olá pessoal, hoje estou aqui para fazer uma postagem especial!

Resolvi fazer essa postagem por que eu costumava ter muita dificuldade para escrever, então caso alguém também tenha as mesmas dificuldades que eu tinha, talvez isso possa ajudar.



Lembrando que cada pessoa é diferente e nem sempre um método que funciona para uma vai funcionar para outra. No entanto, essa postagem também tem como objetivo fazer com que você se conheça mais e seja capaz de utilizar seus próprios métodos.

Desde criança eu sempre quis expressar meus pensamentos e minha imaginação através da escrita, no entanto, também sempre fui uma pessoa ansiosa e não tinha muita paciência para escrever histórias longas.

Sempre que eu começava a escrever uma história, escrevia um, dois, três capítulos, as vezes conseguia chegar até ao quinto, mas acabava perdendo o interesse naquilo que eu mesma estava escrevendo e não conseguia levar a história adiante. 

Foi então que eu percebi que o meu problema era a falta de planejamento.



Como eu sou uma pessoa ansiosa, então preciso me sentir segura naquilo que estou escrevendo. Mas como fazer isso? Primeiro eu tentei me conhecer mais, saber como a minha mente funciona.

Existem pessoas que escrevem com bastante facilidade. Apenas escrevem, sem muito planejamento, e a história flui como mágica. No entanto, existem outras que precisam de uma rotina, que precisam planejar minuciosamente aquilo que querem escrever.

Eu faço parte desse segundo tipo de pessoas. Antes de começar a escrever uma fanfic, tenho que pensar em TODAS as cenas marcantes que quero que ela tenha. Então, eu descrevo de uma forma resumida cada uma dessas cenas, como se fosse um lembrete pra mim mesma.



Depois, eu tento encaixar essas cenas na linha do tempo da história que eu quero escrever. Afinal de contas, a história precisa fazer sentido, né? Não pode ser apenas um compilado de cenas desconexas. Em seguida, eu faço um pequeno resumo de cada capítulo da fanfic, ou seja, deixo claro aquilo o que eu irei escrever em cada capítulo, como se fosse um esqueleto da história.

Eu tenho uma memória ruim então pra mim é muito importante escrever um resumo antes de começar a escrever a história pra valer. Dessa forma eu não me perco e não me esqueço das coisas importantes que queria escrever (e que poderia estar nos capítulos finais, por exemplo). 



Quando começo a escrever uma fanfic, eu já tenho que saber como irei terminá-la. Lembra que eu disse que sou uma pessoa ansiosa? Então, se eu não souber bem aonde quero chegar, acabo não chegando a lugar nenhum.

Só depois de descrever as cenas e escrever um pequeno resumo de cada capítulo, é que eu começo a escrever a fanfic pra valer. Foi dessa forma que eu consegui superar as minhas limitações... seja de ansiedade, impaciência ou memória ruim...

Também estabeleço horários para escrever. Nem sempre eu os cumpro, mas só de ter um horário definido me sinto na obrigação de respeitá-lo, então isso me ajuda a ter alguma responsabilidade sobre o que estou fazendo. Quando você tem tudo organizadinho, faz parecer um projeto sério e que você deve cumprir.



Outra coisa que eu faço é escrever no bloco de notas do meu celular enquanto estou deitada na minha cama. Percebi que me sentia muito desconfortável sentada em frente ao computador, pois além da dor na coluna eu sempre tinha bloqueio criativo na hora de escrever. Então resolvi escrever da maneira que me deixava mais confortável. A história flui bem melhor quando estou deitada e relaxada hahaha



Então é isso, se você quer muito escrever mas não consegue, antes de desistir ou sair "se forçando" a escrever, tente se conhecer mais. Veja como sua cabeça funciona, de que forma fica mais fácil, não precisa ser do jeito convencional, basta ser do seu jeito ^^

Até mais pessoal! 






sábado, 11 de julho de 2020

Resenha de livro: Os testamentos


Olá pessoal!

De volta ao blog e dessa vez venho com uma postagem rara: resenha de livro!

Isso mesmo!

E o livro resenhado de hoje será "Os testamentos", de Margaret Atwood. Esse livro é uma continuação do livro "O conto da Aia", o qual é baseada a série The Handmaid's Tale.



Margaret Atwood

Bom, talvez vocês já saibam que eu sou muito fã de The Handmaid's Tale, e até já fiz a recomendação dessa série aqui no blog.

Por que eu sempre falava bem dessa série, uma amiga acabou me dando o livro Os testamentos como presente de aniversário e, claro, eu fiquei super empolgada para saber como seria a continuação da história.

Diferente da série e do primeiro livro, Os testamentos tem uma historia narrada por três protagonistas: Tia Lydia, Agnes (Hannah, a filha mais velha de June) e Daisy (Nicole, a filha mais nova de June).

O livro em si é uma resposta que muitos fãs fizeram à Atwood: Como e quando a República de Gilead teve seu fim? Além disso, ele também dá algumas respostas sobre o paradeiro de June e de suas filhas, e a relação delas com a ruína de Gilead.



Confesso que quando comecei a ler o livro, não me empolguei muito. Eu estava empolgada sim antes de começar a ler, mas quando comecei, fiquei um pouco decepcionada. E o motivo disso? Bem, o livro começa com a narração da primeira protagonista: Tia Lydia.

Eu não gosto dessa personagem, então não fiquei mais tão animada depois de ler o primeiro capítulo. Claro que mesmo assim eu continuei, achei a narrativa um pouco arrastada, apesar de que quando chegava nos capítulos narrados pelas outras duas protagonistas, eu me animava mais.

Fiz várias pausas. Lia um dia e oito não. No entanto, a medida que fui passando pelos capítulos, a história foi ficando mais e mais interessante e a narrativa arrastada deu lugar a uma narrativa mais frenética.

Devo dizer que cada protagonista tem a sua própria cor. Enquanto Tia Lydia narra sua história de maneira séria e calculista, Agnes narra de maneira mais emocional. Enquanto isso, Daisy usa uma narrativa cheia de energia e bem humorada, afinal, é o ponto de vista de uma adolescente que cresceu no Canadá e não sofreu toda a violência de Gilead. 



Eu diria que a história vai crescendo à medida que você vai descobrindo qual a relação e a importância de cada protagonista na trama. Quando você "liga os pontos", então não tem mais como parar de continuar lendo, o vício vem. Pelo menos pra mim foi assim. No começo fiquei desapontada, achei a narrativa meio arrastada e chata, mas depois fui ficando viciada à medida que avançava em cada capítulo.

Não sei se outros leitores vão concordar comigo, mas também achei que o desfecho da história foi rápido e "fácil" demais. Eu esperava algo mais visceral, que tivesse muitos obstáculos até chegar ao fim propriamente dito. Mas não foi exatamente assim que aconteceu. No entanto, não foi decepcionante, só foi menos emocionante.

Apesar das críticas, eu gostei do final. Principalmente por que... Bem, agora é hora dos spoilers! Hehehe


Aviso: Contém spoilers
Alerta de gatilho: pedofilia/abuso sexual/suicídio

Vamos lá... Acho que vou começar falando do final. Se você veio parar aqui por que é uma pessoa curiosa e quer saber se a June morre no final, eu vou sanar sua curiosidade: Não, ela não morre.

June foge para o Canadá. No entanto, ela não reencontra suas filhas logo de imediato. Ela passa 15 anos como fugitiva e só deixa seu esconderijo depois de saber que suas duas filhas também estão no Canadá e que Gilead foi arruinada. Ou seja, desde os acontecimentos do livro O conto da Aia e da série, passam-se 15 anos.

No final, June reencontra suas duas filhas. Hannah, que agora se chama Agnes e já é adulta, e Nicole, que agora se chama Daisy e é uma adolescente teimosa.

Agnes vive uma boa parte de sua vida em Gilead, e só no final que ela foge de lá. Ela aprende todos os preceitos religiosos e de como uma "boa" mulher e esposa deve se portar. No entanto, ela é parecida com June em muitos aspectos. Ela é uma sobrevivente como sua mãe, apesar de ter sido educada para ser uma mulher de Gilead.

Quando adolescente, Agnes sofre abuso sexual por parte do pai de uma de suas amigas. Para mim essa cena do abuso, descrita no livro, foi a pior cena, muito indigesta. A autora não entra em detalhes, no entanto, não é necessário uma descrição minuciosa para chocar.

Além disso, o pai dessa amiga também abusou da própria filha quando ela tinha apenas 4 anos de idade.

É muito triste ver o quanto a vítima de abuso fica seriamente afetada pelo que aconteceu, chegando até mesmo a tentar suicídio para evitar o casamento e a "conjunção carnal" com outro homem.

E claro, essas coisas mostradas no livro não estão lá a toa. Elas servem como uma crítica severa a nossa sociedade (e "humanidade"). Assim como também remete (não de forma direta) à muitos casos de instituições religiosas ou mesmo famílias/comunidades religiosas envolvidas em casos de pedofilia.

É mostrado também como as mulheres em Gilead são ensinadas a se culparem se algum abuso acontecer. Elas aprendem desde pequenas que são a tentação dos homens, e se um homem comete abuso, a mulher é a culpada, seja por que se insinuou, ou por que não estava vestindo roupas apropriadas, entre outras desculpas. Culpar a vítima também faz parte da nossa sociedade. E mais uma vez Atwood vai lá e aponta todas as atrocidades que não acontecem somente na ficção, mas também acontecem no mundo real, todos os dias.

Bem... Será que dou mais spoilers? Hum...

Sobre Gilead, a pessoa responsável por derruba-la foi ninguém menos do que a Tia Lydia. Sim, isso mesmo. A personagem que eu odiava tanto foi a grande "salvadora". Não vou entrar em detalhes de como ela faz isso, se você quiser saber então vai ter que ler o livro hehehe 

É claro que ela também não saiu impune, mas Tia Lydia já estava preparada para sofrer as consequências de todos os crimes que havia cometido.

A trama do livro Os Testamentos não está mais centralizada nas Aias, e sim nas Tias, que são as únicas mulheres que tem permissão para ler e não são obrigadas a se casar. As Tias são aquelas que controlam as mulheres de Gilead, que as educam, que as mantém sob o "cabresto".

E são elas também que detém grande informação sobre Gilead de coisas que acontecem por "debaixo dos panos". Tia Lydia foi muito inteligente e calculista, e com a sua frieza ela conseguiu enganar todos ao seu redor. Remorso e vingança foram o seu principal motor.

Bem... Acho que vou ficando por aqui. Já dei spoilers demais hehehe 

Se eu tivesse que dar uma nota ao livro, daria 8,0.



Até mais pessoal! E fiquem em casa se puderem! Eu sei que atualmente os governantes desse país estão fingindo que tá tudo bem e que a pandemia já acabou, mas os 70 mil mortos estão aí para provar que o perigo ainda está presente, então evitem aglomerações e, por favor, usem máscara e higienizem as mãos para evitar pegar o vírus!

Bye bye!