Olá pessoal!
Podem me bater! Eu mereço!
Peço mil desculpas por ter passado quase duas semanas sem postar nada por aqui, é que eu andava ocupada, e além disso, eu também estava concentrada em terminar essa bendita fanfic! rsrs
Como vocês já devem saber, essa fanfic foi um presente de aniversário do blog, então, eu não poderia de forma alguma deixa-la de lado para elaborar outras postagens, afinal, eu me comprometi em escrevê-la o mais rápido possível (um presente de aniversário não pode demorar tanto tempo para ser entregue, não é? rsrs por isso fiz o impossível para termina-la logo).
Pois é, finalmente terminei de escrevê-la e agora poderei voltar a minha rotina normal de postagens (rsrs)
Vamos comemorar! Ebaaaa! \o/
Finalmente poderei voltar a escrever minhas outras fanfics (Amigos de infância, A parede de cristal e o Príncipe de Cheonan) que, aliás, estão muuuuito atrasadas. Também tenho muitas resenhas de dramas e animes para fazer, e além disso, não posso esquecer dos OMCEs (que estão super atrasados!).
De qualquer forma, mesmo tomando meu tempo, foi bastante prazeroso escrever Sete dias para viver, e eu fiquei muito feliz pelos comentários que recebi (e ainda estou recebendo) no Nyah Fanfiction (site onde eu posto minhas fanfics).
Como nessa semana tenho prova, infelizmente não poderei postar mais nada (T-T), mas prometo que na próxima semana trarei uma boa postagem para vocês!
Agora vamos ao que interessa!
Logo abaixo vocês verão a terceira capa da fanfic que eu mesma desenhei, e em seguida os oito capítulos finais (sim! isso mesmo! OITO capítulos! Por isso eu demorei tanto para terminá-la rsrs).
Desfrutem!
Capítulo 11
No dia seguinte, pela manhã, andamos de bicicleta num bosque repleto
de árvores floridas e, enquanto pedalávamos, sentíamos aquele maravilhoso
frescor da primavera. As árvores mais altas cobriam parcialmente a visão do céu
azul, e por isso podíamos ver diversos feixes de luz que se refletiam na
estradinha de solo avermelhado.
Encontramos um enorme salgueiro e resolvemos ficar embaixo
dele para descansar um pouco. Deixamos nossas bicicletas no chão e sentamos
perto da árvore. Meu desejo número 8, que era desenhar ao ar livre, algo que eu só havia feito uma vez na vida
quando era criança, também foi realizado. Como fazia muito tempo que eu não
desenhava, a minha habilidade já não era das melhores, porém, mesmo assim
resolvi tentar desenhar o rosto de Brian. O desenho não ficou muito bom, e
depois de vê-lo, Brian começou a rir de mim.
-Eu não sou tão feio assim, sou? –perguntou ele, contendo o
riso.
-Fiz o melhor que pude! Pare de zombar de mim! –falei
irritada, arrancando a folha de papel com o desenho das mãos de Brian, que começava
a gargalhar.
-Mas não se parece comigo, isso é um alien! HAHAHAHAHA!
–zombou ele, já sentindo uma dor na barriga de tanto rir.
-E você sabe desenhar melhor do que isso? –desafiei,
encarando-o de um modo ameaçador.
-É claro! É só me dar uma folha de papel e um lápis que eu
desenho você num instante! –disse ele todo convencido.
-Se você diz... Então fique à vontade! –falei de modo rude,
entregando o bloco de folhas de papel e o lápis para ele.
Brian me olhou com uma expressão muito séria e concentrada.
Pegou o papel e o lápis, começou a rabiscar de um jeito muito profissional.
Primeiro, ele olhava para mim, depois abaixava a cabeça e rabiscava algo no
papel, segurando o lápis com uma leveza impressionante. Será que além de
fotógrafo ele também era desenhista? Pensei.
Antes que eu me perdesse em meus pensamentos supondo que
Brian também era um profissional do desenho, avistei uma coisa estranha ao
longe, em meio às árvores.
-O que é aquilo? –falei, e Brian logo desviou seus olhos na
direção em que eu estava observando.
-Hã? O quê? – perguntou ele, e antes que pudesse obter alguma
informação de mim, acabei me levantando rapidamente para sanar minha
curiosidade. -Ei, espera! Aonde você vai? Não vai me deixar te desenhar? Ei!
–grasnou Brian, porém, era tarde, eu já estava caminhando rumo às estranhas do
bosque.
Brian me seguiu e fomos parar num lugar distante da
estradinha de terra.
-Para onde estamos indo? –perguntou ele, olhando preocupado
em todas as direções.
-Ali! Está vendo? Algo balançando no meio das árvores!
–falei, apontando para a esquerda, e Brian forçou a vista para tentar enxergar.
Quando chegamos mais perto, finalmente desvendamos o
mistério: Era um balanço construído com cordas e um pneu. Ele estava suspenso
numa grande árvore de galhos fortes. O diferencial dele era o fato de estar
completamente tomado por folhas e galhos de plantas, como se não tivesse sido
tocado por ninguém há vários anos.
-Wow! É tão bonito! –exclamei, observando as pequenas flores
que desabrocharam em suas cordas.
-Está completamente envolvido por plantas trepadeiras... Ele
provavelmente é muito antigo! –disse Brian, pegando nas cordas do balanço, que
pareciam estar se decompondo.
-Vou me balançar nele! –falei, e me aproximei do balanço,
pronta para sentar nele.
-Não pode fazer isso!-exclamou Brian em voz altiva. -Não escutou o que eu acabei de dizer? Ele é
muito antigo! As cordas que o sustenta estão podres! Completamente frágeis! Se
você começar a se balançar nele, provavelmente as cordas vão arrebentar e você
vai levar uma queda! Você vai acabar se machucando nessa brincadeira!
-Eu vou arriscar! De qualquer forma, eu vou morrer mesmo
daqui a quatro dias! –repliquei, segurando as cordas do balanço.
-Não vou deixar você fazer isso! –disse Brian, e logo agarrou
meu braço, impedindo-me de sentar no balanço.
Olhei para ele de um jeito despreocupado e sorri.
-Não se preocupe, as plantas trepadeiras que estão agarradas
nas cordas são muito resistentes! Mesmo que as cordas estejam podres, elas vão
conseguir sustentar todo o meu peso! –falei, tentando acalmá-lo.
-Não é confiável... -insistiu ele, apertando meu braço.
-Já disse que não precisa se preocupar! Eu vou ficar bem! Se
você não confia em mim, então fique bem aqui na frente. Se eu cair, você me
segura! –insisti também, e ele apenas soltou um suspiro de derrota.
-Tudo bem... –disse ele, deixando meu braço livre.
Sentei-me no pneu balanço e dei impulso com as pernas para
que ele começasse a se mover para trás e para frente. Rapidamente o balanço foi
tomando velocidade e suas oscilações se tornaram bastante amplas. Brian apenas
me observava há dois passos de distância. Ele estava a minha frente, com um olhar
apreensivo e contrariado. Porém, meu sorriso de alegria e satisfação era tão
contagiante que ele rapidamente se esqueceu de que estava bravo comigo. Depois
disso, Brian começou a me olhar de um jeito tão meigo, e seus olhos pareciam
brilhar de um modo especial. Aquela expressão no rosto dele me deixava muito
feliz, meu coração acelerava e sentia-se aquecido por dentro.
Quanto mais o balanço adquiria velocidade e amplitude, aos
poucos a corda do lado esquerdo ia se rompendo. Depois da vigésima oscilação, a
corda se rompeu completamente, e eu fui arremessada para frente, na direção de
Brian, que tentou me segurar.
-KATE! –gritou ele, e esticou os braços para me alcançar.
O resultado dessa tentativa de salvamento não foi muito
satisfatório. Caí por cima de Brian de forma tão brusca que nós dois fomos arremessados
no chão. Quando me dei conta, lá estava eu, deitada em cima de Brian, e nossos
corpos colados um no outro. Estávamos tão próximos que eu podia sentir sua
respiração. Nossos corações aceleravam dentro do peito e cada um pôde ouvir as
batidas do outro. Brian estava de olhos fechados e abraçava-me com força. Podia
sentir suas mãos quentes nas minhas costas, e de repente, uma delas subiu até o
meu pescoço, e depois até os meus cabelos.
-Você está bem? –perguntou ele, abrindo os olhos e finalmente
diminuindo a força em seus braços que me apertavam.
-Sim, estou bem... –respondi meio constrangida, levantando-me
rapidamente e ajeitando o vestido que estava amarrotado. -Mas acho que torci o
tornozelo... –completei, após sentir uma forte dor no pé.
-Você é tão teimosa!-ralhou ele, voltando a mostrar sua
expressão de menino zangado. -Eu sabia que isso iria acontecer! Mas você não me
deu ouvidos!
Vê-lo tão preocupado comigo e ao mesmo tempo tão irritado e
constrangido me fez ficar muito feliz, por isso comecei a rir.
-Do que está rindo agora? –perguntou ele. -Você acabou de se
machucar... Por acaso você bateu a cabeça?
-Você parece muito fofo agora! –falei, e Brian imediatamente
corou de tanta vergonha.
-Va-vamos e-embora! –gaguejou ele, colocando a mão no rosto e
escondendo sua expressão envergonhada.
-Sim! –falei, porém, ao dar o primeiro passo, meu tornozelo
doeu e soltei um gemido.
Brian me encarou de um jeito preocupado e suspirou.
-Suba nas minhas costas! –disse ele, abaixando-se logo em
seguida.
-Hã?
-Suba logo!
Depois de muita insistência, acabei aceitando ser carregada
nas costas. Minhas mãos agarraram o pescoço de Brian enquanto ele segurava
minhas pernas. Pude sentir seu perfume cítrico, que se misturava a uma
fragrância natural que emanava de seu corpo. Atravessamos o bosque e quando finalmente
achamos a estradinha de terra, Brian me colocou no chão e depois me levou na
garupa de sua bicicleta de volta para casa.
Capítulo 12
Quando o fim da tarde se aproximava, Brian e eu decidimos
procurar por um belo parque de diversões para que eu pudesse finalmente realizar
meu desejo número 3. Quando chegamos ao parque, Brian não me acompanhou em
todos os brinquedos, ele bem que tentou, porém, seu medo de altura não lhe
permitiu brincar na montanha russa, nem na roda gigante, e nem no barco viking.
Porém, tivemos a oportunidade de brincar juntos no carrinho bate-bate, no carrossel
(e Brian fez birra para não ir, porém acabou indo e ficou tão envergonhado que
mal olhava para mim), nas barraquinhas de tiro ao alvo e em uma infinidade de
outros brinquedos. Apesar de ter sido algo infantil, mesmo assim foi muito
divertido e engraçado. Ver a cara de Brian envergonhado e contrariado era o que
mais me deixava de bom humor. Também tiramos diversas fotos, em momentos
hilários, alegres e completamente constrangedores.
Foi uma noite muito divertida. Quando caminhávamos em direção
ao último brinquedo, Brian parou em frente a uma barraquinha de algodão doce e
disse:
-Quero dois algodões doces, por favor! -pediu ele ao
vendedor. -Esse é o seu desejo número 1, certo? –perguntou, olhando para mim.
-Sim... Você se lembra...? –falei um pouco surpresa.
Brian entregou-me o algodão doce e eu, ao sentir aquela
textura macia e cheiro adocicado, fui capaz de me recordar da única vez em que
estive num parque de diversões. Naquela época, eu tinha apenas seis anos de
idade, e meus pais me compraram um algodão doce, que eu comi de um modo
desajeitado, acabei ficando toda lambuzada e levei um sermão de minha mãe.
Aquela foi a melhor época da minha vida. Ao sentir o gosto daquele doce, meus
olhos se encheram de lágrimas.
-Kate, você está bem? –perguntou Brian, com um olhar
preocupado.
-Estou bem, não se preocupe! –respondi, enxugando rapidamente
as lágrimas e voltando a sorrir.
Passeamos pelo parque e observamos as luzes e cores enquanto
saboreávamos o algodão doce. Depois de brincarmos no último brinquedo
(cama-elástica), Brian me levou até em casa.
-O que vamos fazer amanhã? –perguntou ele, enquanto estávamos
em frente ao portão do condomínio de onde eu morava.
-Amanhã começaremos a visitar todos os pontos turísticos da
cidade! –respondi, e Brian apenas assentiu com a cabeça.
-Finalmente um desejo que não é estranho nem louco... –falou
ele, e suas palavras, como sempre, me deixaram irritada.
-Sabe, acho que já estou me acostumando com essa sua língua
afiada! –falei com uma expressão emburrada no rosto, e Brian me encarou com um
sorriso matreiro.
-Ah é? Então acho que preciso pensar em outro método de te
deixar irritada! –disse ele, sorrindo.
-Hã? Então você faz isso de propósito? Ora! Seu...
–resmunguei contrariada.
-Antes que você comece a me bater, eu já vou indo! Tchau!
–disse, afastando-se do portão e acenando.
-Espera! Você não pode ir embora agora! –falei.
-Hã? Por quê? –perguntou ele, desconfiado.
-Entra! –falei, apontando na direção do portão do condomínio.
-Hã? Entrar?! No seu apartamento? –indagou ele, e sua
expressão parecia muito surpresa e receosa.
-Sim! Preciso que você me ajude a fazer uma coisa!-respondi
naturalmente, e Brian me encarou como se ele estivesse falando com alguém sem
juízo.
-Erm... Não acho que seja uma boa ideia... Você é uma garota
e mora sozinha... E eu... Sou um homem... Não quero me responsabilizar pelo que
possa acontecer... –gaguejou ele, e parecia muito envergonhado e constrangido.
Olhei para ele com os olhos semicerrados e imaginei o que ele
poderia estar pensando naquele momento, porém ignorei todos esses pensamentos pervertidos
e apenas puxei a gola de sua camisa.
-Vem logo! – ordenei, e o arrastei para dentro do condomínio.
Atravessamos a portaria e entramos no elevador. Brian se
mantinha estático e o mais distante possível de mim. Quando o elevador parou no
quinto andar, Brian não queria sair, e tive que puxá-lo pela gola da camisa
novamente.
-Eu sei que estes são seus últimos dias de vida, mas... Não
vamos fazer nada de estranho, vamos? -perguntou ele nervoso, e eu apenas o ignorei,
fingindo não ter ouvido sua pergunta.
Peguei a chave do apartamento na mochila e abri a porta. Logo
avistamos a sala de estar. Era uma sala pequena e simples, com poucos móveis,
apenas uma mesa de centro, uma estante e dois sofás. Porém, havia algo
completamente incomum no meio da sala. Brian arregalou os olhos de tanta
admiração.
Capítulo 13
-O que é isso? –perguntou ele, abismado, olhando para aquela
coisa enorme do meio da sala.
-Um pinheiro, não está vendo? –respondi despreocupadamente.
-E... O que um pinheiro está fazendo no meio da sua sala?
–perguntou ele, sem tirar os olhos daquela grande árvore.
-Não é óbvio? Ele será uma árvore de Natal! –falei, e Brian
me encarou com aquela expressão atordoada de quem está falando com uma pessoa
fora de sua sanidade mental.
-Hã? Mas ainda estamos em Abril! –replicou ele, e pôs as mãos
na cabeça, já ficando zonzo de ter passado por tanta coisa estranha nesses
últimos dias.
-E daí? Por acaso você esqueceu que só me restam três dias? Mesmo
que eu quisesse, não poderia esperar para montar uma árvore de Natal em
dezembro! –argumentei aborrecida.
-Então... Você quer montar uma árvore de Natal agora? –
perguntou ele, e suspirou de exaustão.
-Isso mesmo! Sempre quis fazer isso, mas meus pais nunca me
deixaram montar uma árvore de Natal, na verdade, eles sempre pediam para nossos
empregados fazerem isso... –falei, enquanto rodeava o pinheiro e sentia a
textura de sua folhagem.
-Você nunca montou uma árvore de Natal antes?
-Não... Essa será a primeira vez que eu vou montar uma árvore
de Natal em toda a minha vida, por isso eu preciso da sua ajuda!
Brian me encarou com aquele olhar de pena.
-Tudo bem... –falou ele com uma expressão de derrota, e eu
apenas dei uns pulinhos em comemoração.
-Então, por onde começamos? –perguntei animada, e Brian se
espreguiçou, deixando o corpo mais leve para começar o trabalho.
-Deixe-me ver... Onde estão os enfeites natalinos? –perguntou
ele.
-Estão ali no canto, dentro daquelas caixas! –falei,
apontando para as caixas de papelão que se encontravam no canto da sala. –Não sei
se eles serão suficientes...
-Hã? Mais são cinco caixas enormes! Como assim não serão suficientes?
– grasnou Brian, que já estava quase enlouquecendo.
Retiramos alguns enfeites de dentro das caixas e começamos a
enfeitar a árvore. Penduramos nos galhos muitas bolas vermelhas, douradas e
prateadas. Enfeitamo-las com pinhas, sinos e laços. Também utilizamos diversas
luzes coloridas, que piscavam de modo sincronizado ao som de uma linda música
natalina. Muitos enfeites ainda sobraram dentro das caixas, e mesmo que eu
quisesse usar todos eles, Brian me impediu, pois segundo ele, se utilizássemos
mais enfeites do que deveríamos, a árvore ficaria exagerada e feia.
-Bom, agora só falta à estrela no topo da árvore! –falou
Brian, e retirou uma estrela reluzente que estava dentro de uma embalagem
colorida e a entregou em minhas mãos.
-Eu não alcanço o topo da árvore, então você pode colocá-la
para mim... –falei.
-Eu? Mas é uma tradição o dono da casa pôr a estrela no topo
da árvore! –disse ele.
-Mas eu já disse que não alc... –antes que eu pudesse
terminar a frase, Brian me segurou pela cintura e me levantou para que eu
pudesse alcançar o topo da árvore.
Fiquei um pouco assustada, mas logo me recuperei daquela
sensação de estar nos braços dele e segurei firme nos ombros de Brian, e com
uma das mãos, levei a estrela até o topo do pinheiro. Desta forma, finalmente a
árvore de Natal estava completa.
-Ufa! Finalmente terminamos! –falei, olhando orgulhosa para a
árvore de Natal reluzente.
-Fizemos um ótimo trabalho, não é? –comentou Brian, também
observando a árvore com uma expressão de orgulho.
-Sim! –respondi sorrindo.
Descansamos esparramados no sofá enquanto tomávamos um
refresco de limão. Brian estava exausto, e bocejava a cada cinco minutos.
-Esses são os seus pais? –perguntou ele, observando um porta-retratos
que ficava na estante da sala.
-Isso mesmo... –falei um pouco desanimada.
-Você se parece com a sua mãe... –comentou ele com um pequeno
sorriso, e logo em seguida bocejou novamente. -Tem certeza que não quer se
despedir deles?
Abaixei a cabeça e suspirei entristecida.
-Bom, eu já tentei ligar para eles algumas vezes, mas sempre
acabo desistindo antes de discar o último número... –respondi inconformada. -Está
vendo esse pedaço de papel perto do porta-retratos? –perguntei, e Brian olhou
curioso para o pedaço de papel. -Os números escritos nele são o telefone dos
meus pais... Eu sempre deixo esse papel aqui, bem perto da foto deles, desta
forma, sempre que eu olhar para esse porta-retratos sentirei vontade de ligar
para eles... Eu quero ligar, mas... Tenho medo da reação deles...
Brian olhou para mim com aquela expressão de pena. Logo
depois, ele passou alguns segundos observando o papel em cima da estante com
uma expressão preocupada no rosto.
-É melhor eu ir andando... –falou ele, levantando-se do sofá
e deixando o copo vazio em cima da mesa de centro.
Acompanhei-o até a porta e nos despedimos. Brian sorriu e
acenou para mim antes de entrar no elevador.
Capítulo 14
Três dias. Só me restavam apenas três dias.
Brian e eu fomos visitar os principais pontos turísticos da
cidade. E havia dezenas deles: Museus, onde pudemos observar grandes obras
artísticas, como pinturas, desenhos e esculturas (Brian conhecia quase todas
elas); teatros, onde assistimos maravilhosos musicais, peças e óperas; praças
históricas, onde passeamos e até mesmo andamos de patins (Brian se
desequilibrou e caiu diversas vezes, isso foi muito engraçado de se ver); centros
culturais, onde tivemos a oportunidade de conhecer diversos grupos artísticos
compostos por crianças e adultos, que cantavam lindamente e dançavam como
profissionais; parques ecológicos lindos e cheios de animais silvestres, como
macacos engraçados, micos-leões fofinhos, araras coloridas e tucanos
mal-humorados (que tentavam nos bicar quando chegávamos perto deles). Brian
tirou centenas de fotos, que somadas ás outras que foram tiradas nos dias
anteriores, já eram mais de trezentas.
Gastamos dois dias para visitar todos esses lugares. E mesmo
que tenham sido meus preciosos últimos dias de vida, valeu a pena passar todo
esse tempo indo a lugares tão maravilhosos. Sim, valeu a pena cada segundo ao
lado de Brian.
A tarde do penúltimo dia estava chegando ao fim. Brian e eu voltávamos
para casa quando de repente pequenas gotas de água começaram a cair.
-Oh! É chuva! Não acredito! –exclamei animada, olhando para o
céu e espalmando a mão para sentir as gotas de chuva caindo sobre ela. -Achei
que não fosse chover nesses sete dias! Que bom!
-É melhor procurarmos um lugar para nos abrigarmos da chuva
antes que ela fique mais forte! –disse Brian, olhando em todas as direções e
procurando uma casa com alpendre, alguma lanchonete ou restaurante que
pudéssemos entrar para pedir abrigo. –Ali! Uma parada de ônibus coberta! Vamos
para lá!
Brian começou a andar em direção à parada de ônibus, porém,
eu fiquei no mesmo lugar, estática, apenas apreciando a chuva cair sobre o meu
corpo.
-Acha que eu vou perder essa oportunidade só pra não ficar
molhada? É claro que não! –falei sorridente e corri para o meio da rua que
estava praticamente vazia naquele horário.
-Hã? Espera aí! O que você vai fazer? – grasnou Brian,
enquanto eu pulava e rodopiava de braços abertos no meio da rua. –Você ficou
louca?
-Sim! Eu fiquei louca! TOTALMENTE LOUCA! –falei em voz alta,
e algumas pessoas que passavam pela rua me olharam assustadas.
Continuei rodopiando de braços abertos, dançando, olhando
para o céu e sentindo as gotas de chuva, cada vez mais intensas, caírem sobre o
meu rosto.
Já não me restava muito tempo. A noite havia chegado e só
haveria mais um dia pela frente. Enquanto pulava e dançava na chuva,
extravasando tudo o que havia em meu coração, eu me sentia um pouco mais leve,
porém, quando o pensamento de que a morte estava se aproximando aparecia em
minha mente, tudo o que eu conseguia sentir era dor, um aperto no coração
insuportável. Porém, de forma alguma eu iria desabar, pois havia prometido a
mim mesma que viveria meus últimos dias intensamente, sem chorar ou sentir medo
da morte. Brian me olhava de longe, meio constrangido por estar em companhia de
uma louca que dança na chuva. Mesmo que ele se sentisse envergonhado naquele
momento, Brian não me abandonou. Enquanto eu rodopiava e rodopiava, Brian
permanecia lá, esperando-me na chuva, sem tirar os olhos de mim.
-Você vai pegar um resfriado se ficar muito tempo na chuva!
–disse ele, que também já estava completamente molhado.
Alguns minutos depois, lá estávamos nós, sentados na parada
de ônibus coberta, com as roupas e os cabelos encharcados de água da chuva,
tremendo de frio.
-Você nunca me dá ouvidos! Vamos acabar os dois pegando um
resfriado! –ralhou Brian com uma voz irritada e um pouco rouca.
-Desculpe... – falei num sussurro, estremeci e coloquei os
braços em volta do corpo, tentando me aquecer.
A chuva continuava caindo, intensa e barulhenta, e o vento
soprava forte, esfriando ainda mais o ambiente.
- Dê-me suas mãos... –ordenou Brian.
-Hã? –interroguei confusa.
-Suas mãos... Mostre-me suas mãos. –insistiu ele.
Estiquei meus braços na direção de Brian e ele segurou minhas
mãos. Depois disso, abaixou um pouco a cabeça e soprou ar quente de seus
pulmões para aquecê-las.
-Assim está melhor? –perguntou ele, e eu apenas assenti
levemente com a cabeça.
Ficamos algum tempo sentados no banco da parada de ônibus. A
chuva não cessava, pelo contrário, só ficava mais forte e não tínhamos como
voltar para casa sem nos molharmos ainda mais. Todas as pessoas entraram em
suas casas e até mesmo os automóveis não passavam mais por ali. Estávamos
sozinhos.
Capítulo 15
Observávamos as gotas de chuva caírem sem cessar. Já
estávamos sentados naquela parada de ônibus há mais de meia hora. Passamos
algum tempo calados até que Brian resolveu quebrar o silêncio.
-Ainda não consigo acreditar que amanhã será meu último dia
de trabalho como seu fotógrafo... - disse ele, com uma expressão melancólica no
rosto.
-Você deveria estar comemorando! Depois de amanhã não vai
mais precisar ficar me seguindo por todos os lugares! –falei normalmente,
tentando esconder meu pesar, mas minhas palavras soaram falsas.
-Na verdade, eu... Eu gostaria de continuar com esse trabalho
por mais um tempo... Só mais um pouco... –falou Brian, desviando seu olhar e
suspirando logo depois.
-O que há de bom nesse trabalho? Tenho certeza que você vai
ficar aliviado depois que tudo acabar, você não vai precisar mais ficar me
aturando... –falei com um sorriso forçado no rosto, e Brian me olhou com uma
expressão entristecida.
-Vou sentir sua falta... – disse ele num sussurro, como se
estivesse disfarçando a emoção.
-Não vai não... –falei com uma voz embargada, evitando os
olhos de Brian.
Ele apenas me encarou, e depois de um suspiro entristecido,
abriu um sorriso sonhador no rosto e começou a falar:
-Quando eu tinha 15 anos, comecei a trabalhar como um
fotógrafo pra valer. Naquela época, meu entusiasmo e expectativas eram tão altos
que eu sentia como se pudesse ser o rei do mundo, uma pessoa capaz de realizar
qualquer sonho, por mais difícil ou impossível que ele fosse. Porém, à medida
que os anos foram se passando, todo aquele entusiasmo desapareceu, deixando
apenas o senso de obrigação e o compromisso pelo trabalho. As pessoas me
pagavam bem para tirar fotos e, apesar de serem fotos lindas, as quais eu
deveria apreciar, meu único sentimento era “estou cumprindo meu dever” e “estou
ganhando dinheiro para isso”. Quando nos vimos pela primeira vez, eu estava
tirando fotos daquele jardim. Aquelas fotos seriam usadas para fazer um
calendário, e meu único pensamento ao ver você naquele lugar foi: “Droga, ela
está me impedindo de fazer meu trabalho e ganhar dinheiro!”. Que pensamento
mais idiota, não é? Que tipo de fotógrafo eu sou? Eu sempre fui apaixonado pelas
paisagens naturais, então porque eu só pensava em dinheiro naquele momento? Que
tipo de fotógrafo não aprecia o seu próprio trabalho? Porém, depois que eu
resolvi aceitar sua proposta, eu também estava disposto a jogar fora essa
atitude “feia”... Eu aprendi muito com você nesses últimos dias. Percebi que
existem coisas que merecem ser vistas e apreciadas, existem situações que
merecem ser vividas... Não podemos simplesmente ignorar nosso coração e agir
somente pela razão. Se fizermos isso estaremos desgastando nossa alma, tornando
nossa existência como a de um objeto qualquer, que não possui sonhos
verdadeiros, nem a capacidade de olhar para o céu e perceber que somos muito
menores do que podemos imaginar. Apesar de o mundo ser grande e nós tão
pequenos, ainda assim podemos fazer a diferença na vida de outras pessoas, e em
nossas próprias vidas. Se nós não tivéssemos nos encontrado naquele jardim, eu
nunca poderia ter tido a oportunidade de conhecer uma pessoa tão especial como
você, nem ver o seu sorriso lindo enquanto brincava com aquelas crianças no
espaço de recreação da lanchonete. Foi ali, naquele momento, que eu senti como
se toda a minha vida tivesse valido a pena... Por que finalmente eu havia
encontrado a única memória que eu queria levar para a eternidade, até mesmo
para quando o dia da minha morte chegasse. Por que naquele momento, eu vi um
anjo sorrindo, e um monte de anjinhos pequenos ao redor daquele maravilhoso
anjo.
As palavras de Brian ecoaram na minha mente e pareciam estar
quebrando todas as barreiras que meu coração havia construído para suportar a
dor de estar perto da morte. Por que ele estava fazendo isso? Por que ele
estava me fazendo fraquejar? Se eu ouvisse mais uma palavra gentil saindo de
sua boca, meu mundo iria desabar e eu não conseguiria ir adiante. Só faltava um
único dia para tudo acabar, e eu precisava aguentar tudo, evitar o medo e o desespero,
me manter firme e sorridente, mesmo que só faltasse um minuto para a minha
morte.
-Por que está dizendo tudo isso? É uma despedida? –perguntei
de maneira rude.
Brian estranhou meu tom de voz e me encarou com uma expressão
confusa.
-Não é uma despedida, ainda temos um dia... Quem sabe... Quem
sabe até mais do que isso?
Soltei uma risada de deboche.
-Por que se iludir com falsas esperanças? Isso é burrice!
–falei com um sorriso irônico no rosto, enquanto Brian me encarava com
perplexidade.
-Kate, eu... Eu queria muito conseguir uma maneira de
estender o nosso tempo juntos... Será que você não entende? Eu falei tudo isso
por que eu quero que fiquemos juntos, por que eu te am...
-Por favor, não diga! Não diga mais nada! -interrompi,
levando as mãos aos ouvidos.
-Mas eu preciso dizer! Eu preciso dizer o que eu estou
sentindo nesse momento! –insistiu Brian.
-Brian! Isso não vai mudar absolutamente nada! Não vai fazer
diferença nenhuma que você fale de seus sentimentos por mim! Depois de amanhã,
tudo vai estar acabado! EU VOU MORRER! –falei em voz altiva, controlando o
tremor em minhas mãos e sentindo um nó na garganta.
-Pode ser que aconteça um milagre! Pode ser que o destino nos
conceda mais tempo! –insistiu ele.
-PARE! PARE DE SE ENGANAR! –gritei, e Brian me encarou
assustado. –É melhor acabarmos com tudo isso antes que... Antes que tudo se
torne um mar de tristeza...
-O quê? –perguntou ele, confuso.
-O nosso contrato acaba aqui! Não precisa mais vir amanhã!
Apenas envie as fotos pelo correio e depois elas serão entregues aos meus pais!
–falei secamente, e levantei-me do banco da parada de ônibus.
-V-Você está falando sério? - perguntou ele, ainda sem
acreditar no que estava ouvindo.
-Adeus! –falei de forma rude, e saí andando rapidamente no
meio da chuva.
-Não! Kate! Espera! –gritou Brian, e imediatamente correu
atrás de mim, alcançando-me logo depois.
Brian segurou firme em meu braço, impedindo-me de fugir.
-O que você acha que está fazendo? Não pode ir embora desse
jeito! Como... Como pode ser tão cruel? –disse ele, com a voz embargada.
Cruel? Ele que estava sendo cruel! Tentando-me com falsas
esperanças. Vendo-o olhar para mim daquele jeito, como se estivesse prestes a
perder a coisa mais importante de sua vida, não pude mais me segurar, todas as
barreiras do meu coração já tinham sido derrubadas. As lágrimas começaram a
cair desenfreadamente. E eram lavadas pelas gotas de chuva que também escorriam
pelo meu rosto.
Chorei de forma descontrolada.
-Kate... –sussurrou Brian, e sua voz estava rouca, como a de
alguém que está prestes a chorar.
-Acha que não está doendo em mim também? Acha que eu não
preferiria viver e ficar ao seu lado? – falei com uma voz de choro, enquanto as
lágrimas continuavam a cair.
Brian também estava com os olhos cheios de lágrimas.
-Então não fuja... Não se dê por vencida... –falou ele, e
acariciou o meu rosto com a sua mão.
Brian se aproximou lentamente de mim, e seus olhos estavam
cada vez mais perto, até que finalmente me beijou. A chuva continuava a cair
incessantemente, porém, já não estávamos mais preocupados em ficar resfriados
ou muito menos em quanto tempo ficaríamos ali parados no meio daquela rua fria,
por que mesmo com o frio da chuva, nossos corpos estavam aquecidos, e nossas
almas perdidas num beijo sem fim.
Capítulo 16
Último dia.
Eram 5 horas da manhã. Brian e eu estávamos na praia, observando
o nascer do Sol. Deixamos nossos sapatos de lado e resolvemos caminhar descalços
sobre aquela areia branca e macia, molhando os pés com água salgada. Perto dali
havia um farol à beira-mar, e naquele momento sua luz ainda estava acesa, porém
prestes a se apagar.
-Aquele farol tem mais sorte do que eu... Mesmo que sua luz
se apague, à noite ela sempre volta a brilhar... –falei pensativa, sentindo os
pequenos grãos de areia entre os dedos dos meus pés molhados.
Brian olhou para mim e segurou minha mão, entrelaçando nossos
dedos enquanto andávamos lado a lado.
-Hoje será um belo dia ensolarado, por isso, não se preocupe
com o que virá depois... –disse ele, inspirando a brisa agradável que vinha do
mar.
Encarei Brian com um sorriso melancólico.
-Quando acordei essa manhã, senti uma forte dor no corpo...
Fico pensando se isso significa que finalmente a toxina conseguiu penetrar nas
minhas células... –falei entristecida, e Brian apertou de leve minha mão.
-Não vamos pensar nisso agora... Tenho uma surpresa para
você! –disse ele, e sorriu.
-Surpresa? Que surpresa? –perguntei curiosa, esquecendo meus
pensamentos mórbidos por um momento.
-Não posso te falar, afinal, se eu falar não será mais uma
surpresa. –argumentou ele, e logo depois esticou o braço, apontando para o
farol. –A única coisa que posso dizer é que a surpresa está lá!
-No farol? –perguntei, ainda mais curiosa.
-Isso mesmo! –respondeu ele com um sorriso matreiro.
-Então vamos lá, eu quero ver logo a surpresa! – falei
animada, e Brian me segurou pelo braço antes que eu pudesse correr até o farol.
-Não podemos ir agora, a surpresa ainda não está lá! –disse
ele.
-Hã? E quando é que ela vai estar? –perguntei decepcionada.
Brian espiou o relógio de sua câmera e respondeu:
-Sete horas... Vai estar lá às sete horas!
-O quê? Eu vou ter que esperar mais duas horas? Assim eu não
vou aguentar de tanta curiosidade! –falei ansiosa e emburrada, cruzando os
braços e olhando com curiosidade para o farol.
-Aguente firme! Enquanto isso, nós podemos tirar mais algumas
fotos! –disse Brian, e logo ajeitou a lente de sua câmera.
Brian tirou diversas fotos, em algumas eu estava caminhando
na praia, em outras estava correndo ou brincando na água. Resolvi roubar a
câmera de Brian e arrisquei fotografa-lo também. Brian correu atrás de mim para
conseguir a câmera de volta. Depois disso, tiramos algumas fotos os dois
juntos. Depois fomos comer alguma coisa numa barraquinha que ficava em frente à
praia.
Passadas duas horas, nós finalmente subimos até o topo da
torre do farol.
-Wow! Aqui em cima é lindo! Que vista incrível! –falei
maravilhada, observando a bela paisagem à minha frente.
O sol já estava brilhante no céu, e as nuvens brancas
contrastavam com o azul anil que pintava o firmamento. Tudo isso se refletia no
espelho do mar, que brilhava de um jeito mágico, trazendo uma brisa forte e
refrescante.
-Essa é a surpresa? –perguntei.
-Não, ainda não. A surpresa chegará daqui a pouco. –disse
Brian, e olhava um pouco preocupado para o relógio de sua câmera. –Eles já
deveriam ter chegado...
-O que foi? Alguma coisa deu errado? –perguntei, e Brian
disfarçou com um sorriso.
-Não... Está tudo bem, só precisamos esperar mais um pouco...
–falou ele, suspirando logo depois.
Resolvi parar de me preocupar e continuei apreciando aquela
bela paisagem. Porém, enquanto olhava para o céu azul e os pássaros que voavam
longe dali, ouvi uma voz muito familiar.
-Kate... Filha...
Fiquei estática, sem acreditar que aquela poderia ser a voz
de quem eu achava que era. Estava muito surpresa e com medo, por isso demorei a
me virar para confirmar a identidade da dona da voz. Porém, quando me virei,
meu coração acelerou e quase saiu do peito. Lá estavam eles, parados bem na
minha frente, com os olhos banhados em lágrimas. Meus pais. Fiquei olhando para
eles assustada, sem dizer uma palavra sequer, e minhas lágrimas começaram a
cair também. Quando me viram chorando, eles correram em minha direção e me
abraçaram forte, de um jeito diferente de todos os raros abraços que eu já
havia recebido antes.
-Kate, por que não nos contou nada? Por que você sofreu
sozinha? –perguntou minha mãe com uma voz de choro.
-Eu não queria que vocês ficassem preocupados comigo! Eu não
queria que vocês sofressem também! –falei chorando.
-Filha, o que vamos fazer sem você? Como vamos viver sem
você? –perguntou meu pai, e ele estava um pouco mais contido em suas lágrimas.
-Você é o nosso bem mais precioso! –disse minha mãe, e
continuou me abraçando forte.
-Deve haver algum jeito de salvá-la! Tem de haver! –disse meu
pai com uma expressão aflita no rosto.
-Talvez os médicos tenham cometido um erro! –falou minha mãe,
tentando sorrir.
-Eles não cometeram um erro... Eu sei muito bem do que essa
toxina é capaz... Sou uma bioquímica, esqueceram? – falei entristecida.
-Nós não aceitamos isso! –disse meu pai, e logo depois
colocou as mãos na cabeça, mostrando-se desesperado.
-Por favor, senhor e senhora Stuart, aproveitem o tempo
restante que vocês tem com sua filha! -falou Brian, aproximando-se de nós.
Meu pai e minha mãe olharam para Brian com expressões
confusas, mas logo se deram conta de quem ele era.
-Você deve ser o Brian? –perguntou meu pai.
-Sim, sou eu, prazer em conhecê-los! –respondeu Brian,
recebendo um aperto de mão do meu pai.
-O prazer é nosso... –disse meu pai.
-Filha, foi esse rapaz que ligou para nós e explicou a sua
situação... Viemos às pressas da Suíça quando ficamos sabendo que você iria...
– falou minha mãe, e logo depois não conseguiu mais falar, pois as lágrimas
inundavam seu rosto.
-Obrigado por ter nos avisado, seremos eternamente gratos!
–continuou meu pai, encarando Brian com um olhar de gratidão.
Fiquei intrigada pelo fato de que Brian teria sido capaz de
falar com eles.
-Brian, como você conseguiu contatá-los? –perguntei.
Brian estampou um pequeno sorriso no rosto.
-Sempre fui bom em decorar números de telefone! –respondeu
ele, e eu imediatamente me lembrei do número de telefone que ficava perto do
porta-retratos dos meus pais em minha casa.
-É melhor eu deixá-los a sós! Por favor, Kate, fique com seus
pais, aproveitem o tempo que vocês ainda possuem juntos! – disse Brian, e pegou
uma sacola que estava largada num canto da torre do farol.
-Tem certeza que não quer ficar com a gente? –perguntei, e
Brian não respondeu, apenas tirou um envelope de dentro da sacola.
-Aqui... Eu trouxe esse envelope com algumas fotos que eu tirei...
–falou ele enquanto me entregava às fotos. -Tem mais de 200 fotos aqui
dentro... As outras restantes serão enviadas em breve aos seus pais! –completou
ele. - Fique com a sua família agora!
Brian acenou e correu em direção às escadas.
-Brian! –chamei, porém ele já havia descido as escadas da
torre e ido embora. -O que esse bobo pensa que está fazendo? –perguntei a mim
mesma.
Capítulo 17
Brian caminhava pela rua, sozinho e suspirando, quando de
repente recebeu uma mensagem de texto em seu celular:
Agora é você que está fugindo? Nem pense nisso, eu não vou
deixar você fugir! (risada maligna).
Por favor, me encontre na praia do farol hoje à noite, ás
nove horas. Não sei quanto horas de vida ainda vou ter, mas mesmo que meu corpo
esteja debilitado, eu quero te ver pela última vez.
Com amor, Kate.
O fotógrafo sorriu tristemente, e passou vários minutos
olhando para a tela de seu celular.
-Eu vou esperar... –disse ele, com os olhos brilhando.
Brian caminhou até chegar numa pequena loja, cuja vitrine
estampava o nome “Wender’s Articles”. Era a loja de artigos para presente que
pertencia ao seu irmão mais velho. Nos fundos da loja, havia um pequeno estúdio
com câmara escura onde Brian revelava suas fotografias. Ele também trabalhava
com fotos digitais, customização e edição de imagens.
Ao entrar em seu pequeno estúdio, Brian sentou-se em sua
cadeira em frente ao computador e começou a observar as fotos que ele tinha
arquivado. Entre as últimas, as quais ele havia tirado na praia, algumas haviam
ficado com um pequeno defeito. Uma mancha escura em volta de mim.
-Kate, você vai ficar bem, não vai? –ele perguntou, como se
naquele momento eu pudesse ouvi-lo. –Vai acontecer um milagre, eu sei que
vai...
As horas se arrastaram até que finalmente o sol se pôs. Brian
havia passado o dia inteiro com uma sensação estranha, um vazio dentro de si,
perguntando-se a todo o momento se eu estava bem.
Os ponteiros do relógio marcavam nove horas da noite.
Brian saiu da loja correndo, com sua jaqueta e cabelos
esvoaçantes. Sentiu um choque térmico por causa do frio da noite, mas não se
importou, apenas continuou correndo, com o celular na mão, e na tela estava
estampada à mensagem que eu enviei pela manhã, a qual ele já havia lido umas
cem vezes naquele mesmo dia.
O fotógrafo finalmente chegou à praia, ofegante. Enquanto
recuperava o fôlego, olhou em todas as direções. A praia parecia estar vazia e
o farol brilhava intensamente, indicando o caminho certo a quem aparecesse por
lá.
-Tudo bem, tudo bem... Ainda são nove horas, daqui a pouco
ela estará aqui... –disse Brian a si mesmo, com uma voz trêmula.
Seu coração batia contra o peito, acelerado. O mar trazia uma
brisa forte e gelada. O céu estava cheio de nuvens que cobriam a lua e a maior
parte das estrelas visíveis.
Brian sentou-se na areia e descalçou os sapatos, sentindo a
maciez daquele chão feito de minúsculos grãos.
-São tão pequenos... –disse ele, segurando alguns grãos de
areia em sua mão. -Será que se um deles estiver prestes a ser levado pelo mar,
alguém ou alguma coisa pode impedi-lo? Será que milagres realmente existem?
O fotógrafo riscou o chão com o dedo, desenhando um rosto.
-Já são nove e meia, ela está atrasada de novo! –falou ele,
disfarçando sua preocupação com um sorriso. –Eu não deveria me preocupar... Ela
vai aparecer!
Brian não aguentou ficar sem notícias e logo tirou o celular
do bolso, discando imediatamente o número do meu telefone.
Este celular está desligado ou fora da área de cobertura.
Deixe seu recado após o bip e sua mensagem será enviada ao correio de voz.
-Desligado? Que estranho, ela nunca deixa o celular
desligado... –disse Brian, com uma expressão extremamente preocupada. -Tudo
bem... Tenho que manter a calma, ela vai vir, ela vai vir... –repetiu ele, respirando
fundo e tentando se acalmar.
O relógio do celular marcava dez horas da noite. Brian já
estava suando frio, e seu corpo inteiro tremia. O fotógrafo já havia tentado
ligar sete vezes, e o celular sempre estava desligado. Porém, ele não desistiu.
Onze horas. Brian enviou algumas mensagens, mas não obteve
resposta.
Meia noite. Brian pensou em ir até minha casa, mas se eu
estivesse com meus pais naquele momento, provavelmente seria perda de tempo ir
até lá, e, além disso, poderíamos nos desencontrar.
Brian continuou esperando, e esperando, e esperando... Até
que finalmente adormeceu.
Capítulo 18
O sol já estava surgindo no horizonte, e mesmo com o céu
nublado, cheio de densas nuvens, os primeiros raios de luz fizeram com que
Brian acordasse de seu sono solitário.
O fotógrafo estava sentado com a cabeça abaixada e apoiada
nos joelhos. Seu pescoço estava doendo por ter dormido de maneira tão
desconfortável.
Depois de um longo bocejo, Brian finalmente se deu conta de
que já havia amanhecido. Ficou totalmente desnorteado. Seus olhos transpareciam
uma grande confusão e tristeza.
-Droga... O sétimo dia já se foi, então isso quer dizer
que... Ela não vai mais aparecer...? –disse ele com uma voz embargada, tentando
convencer a si mesmo. –Não... Não pode ser, ela ainda está viva! Eu sei que
está!
O rapaz permaneceu quieto por alguns minutos, tentando
confortar a si mesmo e seguir adiante.
-Desde o começo, eu sabia que iria ser assim, afinal, ela só tinha
sete dias de vida! –disse ele, controlando sua voz. –Eu tenho que seguir em
frente! É melhor ir embora daqui! Acabou! Acabou!
Brian tentou se levantar, porém, suas pernas estavam tão
fracas e trêmulas que ele apenas cambaleou e caiu de joelhos, apoiando-se com
as mãos. Ficou parado nessa posição por alguns minutos.
Pingos começaram a cair sobre a areia. E não eram pingos de
chuva, e sim as lágrimas de Brian. Lágrimas incessantes, que aos poucos, deixavam
seus olhos vermelhos e inchados.
Seus soluços de choro ecoavam pela imensidão do mar a sua
frente. Sentia falta de ar, e seu coração doía como se uma flecha o tivesse ferido.
-Toda essa cena é por minha causa? –minha voz soou em meio
ao vazio e aos soluços de Brian.
Brian se virou rapidamente e, por um momento, parecia que
estava vendo um fantasma.
-Kate? – disse ele, incrédulo, ainda com o rosto molhado de
lágrimas.
-Desculpe o atraso, é que eu estav... –antes de continuar a
explicação, Brian se levantou e correu em minha direção, abraçando-me tão forte
que quase fiquei sem fôlego.
-Eu pensei... Eu pensei... –gaguejou ele, com uma voz trêmula
e os olhos marejados de lágrimas.
Passamos alguns minutos abraçados, sentindo o calor e as
batidas do coração um do outro, até que finalmente Brian resolveu me largar.
-O que aconteceu? E os sete dias? –perguntou Brian, ainda
confuso, sem acreditar que eu estava bem a sua frente.
Respirei fundo e expliquei:
-Meus pais... Enquanto estavam de viagem, eles conheceram um
médico muito prestigiado na Suíça, e quando eles falaram de mim para esse
médico, o doutor disse que haveria uma grande probabilidade de que meu problema
fosse resolvido com uma nova droga que ele estava desenvolvendo. Como ela ainda
estava em fase de testes, só poderia ser usada em pacientes em estado terminal.
Porém, meus pais insistiram até que finalmente conseguiram uma amostra dessa
nova droga e a trouxeram junto com eles. Eu fui apenas uma cobaia, mas apesar
de ser perigoso, aqui estou eu, me sentindo bem, e depois de fazer alguns
exames ontem, foi comprovado que a toxina desapareceu do meu organismo
completamente.
-Isso... Isso... É inacreditável! É maravilhoso! –disse
Brian, com um largo sorriso estampado no rosto.
-Você tinha razão... Milagres podem acontecer! –falei animada,
com lágrimas nos olhos. –Como eu fui boba! Eu, uma bioquímica, não deveria ter
perdido as esperanças... Deveria ter pensado nessa possibilidade... Todos os
dias novos fármacos são criados, eu deveria ter imaginado que um deles poderia
simplesmente reverter os efeitos nocivos da toxina!
-O que importa é que você está viva! VIVA! –disse Brian,
pulando de alegria, e eu comecei a rir.
-Brian...Obrigada! Se você não tivesse telefonado para os meus pais, eu não estaria viva agora, muito obrigada! Você me salvou! -falei, enquanto as lágrimas de felicidade continuavam a cair.
-Brian...Obrigada! Se você não tivesse telefonado para os meus pais, eu não estaria viva agora, muito obrigada! Você me salvou! -falei, enquanto as lágrimas de felicidade continuavam a cair.
Brian olhou emocionado para mim e mais uma vez me abraçou, logo depois rodopiou comigo
em seus braços e me beijou. Nossa felicidade era imensa naquele momento, e tudo que
queríamos era estar perto um do outro.
-Quer ser minha namorada? –perguntou ele, surpreendendo-me.
-Hã? Assim, tão de
repente? –perguntei com um sorriso matreiro, fazendo-me de difícil.
-Achei que você gostasse de mim, mas pelo jeito... –disse
ele, com uma cara emburrada, fingindo estar zangado.
-Tá bem, tá bem! Eu aceito, mas com uma condição! –falei com
um olhar de criança travessa.
-Lá vamos nós de novo! –resmungou Brian. –Que condição?
–perguntou ele, desconfiado.
-Você tem que aceitar a minha proposta! –falei, e Brian me
encarou com uma expressão confusa no rosto.
Peguei minha mochila e tirei um envelope de dentro dela. Abri
o envelope e entreguei o conteúdo nas mãos de Brian.
-O que é isso? –perguntou ele, intrigado.
-Veja você mesmo! –ordenei com um sorriso orgulhoso.
Brian observou atentamente os papéis que estavam em suas
mãos. E quando por fim se deu conta, ficou surpreendido. Eram duas passagens de
avião para Paris.
-P-Paris? –gaguejou ele.
-Isso mesmo! –confirmei. –E então? Você aceita minha proposta
de irmos juntos a Paris?
-Eu... Eu... –Brian não conseguia falar de tão surpreso que
estava. Por isso resolvi provocá-lo.
-Se você não quer... Tudo bem, eu convido outra pessoa...
–falei com uma expressão de deboche, tirando as passagens das mãos dele e
fingindo ir embora.
Brian ficou com uma cara de bobo, e quando me viu ao longe,
correu atrás de mim, inconformado.
-Ei! Espera! Quando foi que eu disse que não queria ir?
–grasnou ele. –Volta aqui! Volta aqui!
Ambos começamos a correr. Brian tentava me alcançar e pegar
de volta as passagens de avião. Enquanto brincávamos na praia, as nuvens do céu
se dispersavam, e o sol, mais uma vez, brilhava imponente.
Semanas depois, estávamos fazendo turismo em Paris e
passeando pelos lugares mais românticos da face da Terra. E tudo o que fizemos
(bom... não exatamente tudo) foi registrado em lindas fotos e principalmente em nossas
memórias.
Os grãos de areia levados pelo mar ainda podem ser trazidos
de volta...
Fim
Extras
Algumas curiosidades:
- Os nomes Brian e Kate são apenas dois nomes comuns que eu dei aos personagens, não tive a intenção de fazer alusão à nenhum personagem com o mesmo nome;
- Brian é três anos mais novo que Kate. (Kate tem 25 anos e Brian tem 22 anos);
- Os nomes dos pais de Kate são Molly e Harry;
- Escrever a fanfic foi bom, porém, melhor do que isso foi desenhar as três capas (rsrs);
- Muitas “cenas” dessa fanfic foram inspiradas nos famosos “clichês de dramas asiáticos”. (Sou apaixonada por dramas coreanos, por isso, foi inevitável rsrs). Não são clichês ruins (se fossem, eu não teria inserido-os na minha fanfic rsrs);
- Essa fanfic também foi inspirada no mangá Boku no Hatsukoi wo Kimi ni Sasagu;
- Essa fanfic foi escrita com a intenção de que ela fosse um roteiro para mangá;
- A paisagem da primeira capa da fanfic (praia e farol) é o mesmo lugar onde Brian e Kate estão no último capítulo.
- Quando comecei a escrever a fanfic, já tinha em mente o final, porém acabei mudando de ideia e fiz um final completamente diferente do que eu havia imaginado anteriormente. (isso porque o primeiro final era trágico, mas eu não consegui levar essa ideia adiante por que me apeguei aos personagens e preferi dar um final feliz a eles.)
Lista de desejos de Kate (completa):
1 - Comer algodão doce2 - Andar pela praia e molhar os pés com água do mar
3 - Ir ao parque de diversões e brincar em todos os brinquedos
4 - Fazer compras sem se preocupar com o limite do cartão de crédito
5 - Passear num jardim cheio de flores perfumadas
6 - brincar num balanço
7 - Subir num farol a beira mar
8 - desenhar ao ar livre, debaixo de uma árvore
9 - andar de patins
10 - comer pizza
11 - visitar um grande aquário
12 - ir a um parque aquático
13 - brincar com crianças
14 - montar uma árvore de natal
15 - usar uma linda maquiagem
16 - dançar uma valsa com um lindo vestido de princesa
17 - fazer um piquenique ao ar livre
4 - Fazer compras sem se preocupar com o limite do cartão de crédito
5 - Passear num jardim cheio de flores perfumadas
6 - brincar num balanço
7 - Subir num farol a beira mar
8 - desenhar ao ar livre, debaixo de uma árvore
9 - andar de patins
10 - comer pizza
11 - visitar um grande aquário
12 - ir a um parque aquático
13 - brincar com crianças
14 - montar uma árvore de natal
15 - usar uma linda maquiagem
16 - dançar uma valsa com um lindo vestido de princesa
17 - fazer um piquenique ao ar livre
18 - deitar na grama e olhar para o céu azul
19 - deitar na grama e olhar para o céu escuro e estrelado
20 - andar de bicicleta num lugar bonito e cheio de árvores
21 - visitar os principais pontos turísticos da cidade
22 - dançar na chuva
19 - deitar na grama e olhar para o céu escuro e estrelado
20 - andar de bicicleta num lugar bonito e cheio de árvores
21 - visitar os principais pontos turísticos da cidade
22 - dançar na chuva
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Bom, pessoal, e para "fechar com chave de ouro", confiram a seguir a música-tema da fanfic:
Até mais!
Bom, pessoal, e para "fechar com chave de ouro", confiram a seguir a música-tema da fanfic:
Até mais!
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