Olá pessoal!
Como eu já havia antecipado na postagem anterior, hoje venho trazendo para vocês mais um presente de Natal.
Bom, a fanfic é um presente de Natal, mas ela mesma não tem como tema o Natal rsrs
Na verdade, a fanfic fala sobre um encontro. Ela é bem curtinha, então, mesmo que seja chata, não vai dar tanto trabalho para ler kkkkkk
A inspiração para a fanfic veio das minhas próprias experiências pessoais, tipo.. no começo da minha adolescência, que é uma fase bem difícil em que a gente não se compreende bem. Então, me baseei na minha própria história para contar como foi o encontro com meu primeiro amor, que aos meus olhos eu considerava como a minha alma gêmea, por que era um sentimento puro, único e sincero, algo que eu só senti uma vez na vida.
FRENTE A FRENTE
Eram os meus
olhos. Só que mostravam algo que faltava em minha alma.
Nunca tinha notado. Desde a segunda série eu
estudava no mesmo colégio. Eram os mesmos alunos, os mesmos professores, as
mesmas paredes, o mesmo teto e o mesmo mato alto no terreno dos fundos da
escola. Às vezes a pintura mudava, mas aquele sentimento juvenil e travesso
permanecia o mesmo, e o cheiro de mato também.
Sempre fui a melhor aluna da turma quando fazia o
fundamental. Dificilmente tirava nota oito, minhas notas sempre partiam de 9 a
10. Mas ninguém ligava, afinal, sabiam que desde o primeiro dia quando cheguei
naquela escola, fui alvo dos olhares gananciosos dos professores, que tinham
orgulho de dizer “essa é MINHA aluna”. Porque eu era inteligente, extremamente
dedicada, esforçada e antissocial, ao contrário dos outros, que não se
importavam em tirar boas notas, que só se importavam com o lanche da cantina, a
hora do recreio e conversas banais.
Doze. Acho que tinha doze anos quando o vi pela
primeira vez. Não sei, talvez o tenha visto muito antes, numa outra dimensão. O
fato é que meus olhos não prestaram a devida atenção e só depois de algum tempo
me dei conta que tinha deixado algo muito importante passar despercebido.
Eram os meus
olhos. Só que mostravam algo que faltava em minha alma.
Sempre fui a melhor... Mas por quê? Que diferença
faz ser uma aluna exemplar ou uma aluna comum?
Eu não tinha qualquer sonho ou ambição. A única
coisa que me motivava era saber que minhas boas notas deixariam meus pais
satisfeitos e orgulhosos de mim. Estudar, naquela época, era o meu refúgio. Os
livros eram os meus únicos amigos. E, além disso, era uma das poucas coisas em
que eu era boa de verdade.
As garotas da minha sala costumavam falar de
romance. Ficavam empolgadas quando alguém comentava sobre um garoto bonito.
Atração,
hormônios a flor da pele, a vontade de ser a namorada de alguém.
Talvez ninguém achasse que esses também fossem os
meus sentimentos. A garota fria que não pensa em nada a não ser em estudar...
Ela também seria humana?
Tantas eram minhas dúvidas e conflitos nessa época.
Parecia que o mundo inteiro desabaria na minha cabeça a qualquer momento. Eram
tantos sentimentos confusos. Às vezes as lágrimas caíam sem razão aparente. Mas
ninguém sabia. Porque as lágrimas sempre caíam no chão do banheiro e escorriam
pelo ralo, sem deixar nenhum vestígio de sofrimento. Então a garota sensível e
confusa não se mostrava, continuava sendo para o mundo a garota fria que não
pensava em nada a não ser estudar, estudar e estudar...
Mas numa noite, enquanto tentava adormecer na minha
cama, um flash de luz apareceu nos meus pensamentos. Algo que durante o dia,
meus olhos não haviam prestado atenção.
Existia alguém naquele colégio, alguém que um dia
apareceu em meus sonhos.
Quem era ele? Qual o nome dele? Em que sala
estudava?
As perguntas foram surgindo e meu coração implorava
por respostas.
Por que aquele olhar me prendeu sem nem mesmo ter
prestado atenção nele? O que havia de tão especial naquela pessoa?
No dia seguinte, fui para o colégio e finalmente
resolvi prestar atenção naquela pessoa...
Ele me atraía. Eu queria vê-lo de perto. Porém, ele
sempre sumia na multidão de estudantes. Eu o procurava, mas logo o sino tocava
e os alunos corriam para suas salas de aula.
Como vou saber... Como vou saber o que ele tem de
tão especial se nem mesmo posso olhar nos olhos dele? Como vou saber se nem
consigo falar com ele?
A verdade é que era difícil vê-lo, assim como
tentar qualquer aproximação. Sempre o via de relance, às vezes de costas, às
vezes de perfil e raramente de frente uma vez ou outra na hora do recreio, mas,
infelizmente, nossos olhos nunca se cruzavam. Será que ele sabia da minha
existência?
Minhas perguntas continuavam sem resposta. Meu
coração, a cada dia que passava, ficava mais e mais apertado dentro do peito.
Quem é ele? E por que permanece sempre tão distante de mim? Será que nunca
poderei alcançá-lo? Qual seria a reação dele se, de repente, uma garota maluca
corresse em sua direção e lhe perguntasse seu nome, idade, sala em que estuda,
data do aniversário, rua onde mora...?
Talvez ficasse assustado. Talvez começasse a rir de
mim. Ou talvez...
Isso é o que chamamos de primeiro amor? Minha
cabeça estava confusa...
Até que um dia, num dia comum e tedioso como
qualquer outro dia de aula, aconteceu algo inesperado.
Enquanto eu o seguia com os olhos, tentando ver
onde era sua sala de aula, assim como nos outros dias, eu também o perdi de vista.
No entanto, a chave do cadeado da minha sala de aula quebrou, a porta continuou
trancada e nós ficamos do lado de fora, sem ter onde estudar.
A professora começou a ficar estressada, pedindo
grosseiramente para que consertassem a chave imediatamente ou que encontrassem
outra sala para que ela pudesse dar aula.
Os meus colegas de sala gritavam de alegria. Eles
nem mesmo se davam ao trabalho de esconder o fato de estarem muito felizes com
toda aquela situação. Estavam torcendo para que não tivesse aula e todo mundo
fosse mandado de volta para casa.
Mas a professora não ia desistir tão facilmente.
Ela exigiu outra sala, então, desesperado e tentando evitar confusão, o
funcionário da limpeza resolveu guiar todos nós (a turma inteira e a
professora) para uma sala de aula que estivesse desocupada.
O único problema é que a sala em que ele nos levou
não estava desocupada.
Foi então que
pela primeira vez na minha vida acreditei em milagres.
Em frente à porta daquela sala, um anjo apareceu.
Estava todo vestido de branco e sua alma reluzia.
Seria uma mera alucinação? Estaria eu já ficando louca com apenas doze anos de
idade?
Ele ficou parado na porta por poucos segundos. E eu
estava lá, no lugar certo e na hora certa, diante dele, bem de frente para a
porta.
Fiquei frente
a frente com um anjo.
Estávamos há mais ou menos um metro e meio de
distância um do outro. Ele tinha os cabelos castanhos claros e a pele branca. Estatura
mediana para um garoto de 13 anos. Era magro e tinha um sinal acima da boca. Essa
era a primeira vez que eu conseguia observa-lo tão de perto. Suas feições eram
suaves e perfeitas, assim como as de um anjo.
Então ele me encarou. Fiquei paralisada. Segurei
meu caderno apertado contra o corpo. Meu coração foi a mil em apenas alguns
milissegundos.
Ele olhou dentro dos meus olhos e eu me senti
decifrada. Ele via a minha alma e eu via a dele também. E seus olhos eram
iguais aos meus, mas mostravam algo que faltava em minha alma.
Era como ver
a mim mesma, só que banhada em perfeição.
Nos olhos daquele anjo eu via alguém com uma alma
idêntica a minha, mas ao contrário da minha, em que havia um grande vazio e tormento
sem precedentes, na alma dele eu via um mundo preenchido de flores e felicidade.
Eu via uma luz diferente, que ofuscava o meu espírito sombrio e me puxava para
um céu azul cintilante. Eu via nele tudo que eu queria ser. Eu seria ele se
minha vida até aquele momento não tivesse me deixado tantas cicatrizes.
Foram poucos segundos, mas por um breve momento
achei que o tempo tivesse parado. Tudo ao meu redor parecia mais lento e em
preto e branco, como em filmes de cinema.
Branco... Nesse momento me dei conta de que ele
gostava de vestir branco. O que isso significava?
Talvez a
pureza dos nossos sentimentos.
Quando ele voltou para dentro da sala, a minha professora
nos levou para o pátio e nos obrigou a sentar no chão até que o diretor
resolvesse o problema da sala trancada. Para mim aquilo pouco importava, pois a
única coisa em que conseguia pensar naquele momento era nos segundos que aquele
anjo ficou diante de mim, me encarando, olhando dentro dos meus olhos com tanta
sinceridade.
Senti como se a minha existência dependesse daqueles
míseros segundos que se passaram diante dele.
Eu nasci para
aquele dia.
Eu nasci para
presenciar aquele milagre.
Eu nasci para
amá-lo por toda a eternidade.
~~Fim~~