Oi gente! Estou de volta! I'm back!
Desculpe pela demora das novas postagens, mas é que eu tenho perdido para minha concentração ultimamente. Estou muito nervosa com o fim de Breaking Bad, esta série quase me fez entrar em colapso, estou muito nervosa e ansiosa pelos dois últimos episódios. Por isso não estou conseguindo me concentrar nas outras séries, doramas e animes, muito menos fazer resenhas ou homenagens.
Felizmente, consegui escrever o capítulo 6 de O Príncipe de Cheonan. Já vou logo avisando que este é um capítulo muito especial e ao mesmo tempo muito cruel (acho que estou sendo influenciada por Breaking Bad nesse quesito rsrs). A classificação indicativa para esse capítulo é 16 anos.
E sem mais delongas, confiram a seguir:
Capítulo 6 – De volta ao ano de 1932
Era uma vez uma bonita garota japonesa chamada Misaki. Ela tinha lindos cabelos compridos e uma pele branca como um lírio. Vivia feliz com os seus pais numa bela casa no campo, até que um dia, no ano de 1910, eles tiveram que fugir do Japão por causa dos COVA.
Misaki e sua família escondiam um grande segredo. Eles não eram humanos de verdade, e sim vampiros. Ao contrário do que muitos podem pensar, os vampiros não são imortais, eles apenas envelhecem mais devagar que os humanos e possuem uma grande capacidade de se curar rapidamente. Misaki já tinha 165 anos de idade, porém, aparentava ter apenas 17 anos.
Por causa de seu metabolismo altamente acelerado, os vampiros precisam se alimentar diretamente de sangue humano para suprir suas necessidades. Porém, isso não significa que eles sejam assassinos sedentos. No caso de Misaki e seus pais, eles apenas capturavam pessoas e retiravam o sangue necessário para se alimentarem. Era como se essas pessoas fizessem uma doação de sangue, e depois da doação, elas acordavam sãs e salvas em algum lugar próximo às suas casas.
Os vampiros asiáticos eram constantemente perseguidos pelos COVA (abreviação para “Contra Les Vampires”), uma organização francesa de caçadores de vampiros que vinha se destacando nos últimos tempos. Dentre todas as organizações de caçadores de vampiros, COVA era a mais eficiente e, justamente por isso, eles se tornaram os responsáveis pela captura e matança dos vampiros asiáticos, pois esses eram os vampiros mais difíceis de matar, por causa dos seus séculos de treinamento em artes marciais.
Os pais de Misaki reuniram-se com um vampiro coreano chamado Lee Jong Hi. Segundo ele, um grupo de vampiros asiáticos estava saindo do Japão e da Coreia para ir morar na França. A princípio, os pais de Misaki ficaram chocados. Como eles poderiam fazer uma loucura dessas e irem direto para a cova dos leões? Jong Hi explicou que isso era o melhor a se fazer, pois os caçadores de vampiro nunca iriam imaginar que sua caça pudesse estar tão próxima deles.
Jong Hi convidou os pais de Misaki para o acompanharem nessa louca aventura. Apesar de receosos, eles acabaram aceitando. A partir daí, Misaki, seus pais e um grupo de 15 asiáticos (10 coreanos e 5 japoneses) embarcaram num navio rumo à França.
Chegando lá, o grupo se instalou num pequeno vilarejo próximo a um campo de lavanda em Provence, Plateau d’Albion. Era um lugar maravilhosamente belo, que emanava um cheiro refrescante e puro de lavanda, e este cheiro entrava sem permissão pelas portas e janelas dos casebres, perfumando o ambiente e passando a sensação de que, definitivamente, estavam no paraíso.
Misaki e sua família finalmente puderam viver felizes novamente.
Vinte e dois anos se passaram.
Em abril de 1932, um novo grupo de vampiros asiáticos chegou ao pequeno vilarejo. Entre eles, estava um jovem vampiro coreano chamado Kim Jin Ho, que veio acompanhado de sua família (pai, mãe e irmã mais nova).
O jovem vampiro ficou fascinado com o seu novo lar. Era como se ele tivesse se libertado da prisão infernal da cidade grande, onde ele e sua família eram perseguidos constantemente, e finalmente poderia respirar o ar puro, sentir o cheiro da liberdade. Estava tão feliz que apenas jogou sua trouxa de roupa em cima da cama e saiu correndo rumo aos campos de lavanda. De braços abertos e sentindo o vento perfumado batendo em seu rosto, Jin Ho correu por entre a imensidão dos vastos ramos, que balançavam de um lado para outro, seguindo a direção da brisa. O céu estava muito azul, e as nuvens dispersas, brancas e fofas.
No meio de todas aquelas flores perfumadas, Kim Jin Ho a viu pela primeira vez. Era flor mais bela que já existiu. E ela se chamava Misaki.
A jovem usava um leve vestido branco e colhia ramos de lavanda enquanto cantarolava uma música antiga: “Se eu te amar, me ame também... Se eu me apaixonar, se apaixone por mim também... Eu sou a sereia da tua água, eu sou o anjo do teu céu... Se você me olhar, eu te olho também...”
Misaki, que antes estava distraída, finalmente olhou para frente e seus olhos se encontraram com os olhos dele.
O mundo inteiro parou naquele momento.
Enquanto contemplavam-se por alguns minutos, Jin Ho e Misaki já sabiam que estavam destinados um ao outro. Foi amor à primeira vista.
Os dois se cumprimentaram timidamente, porém, depois que começaram a conversar, não pararam até o Sol se pôr. Depois voltaram para casa radiantes, jantaram com seus familiares e conhecidos da comunidade. O mesmo aconteceu nos dias seguintes, e cada vez mais eles se aproximavam. O primeiro beijo aconteceu debaixo de uma grande tamareira. E a primeira noite juntos aconteceu no meio do campo de lavandas, onde Misaki entregou-se de corpo e alma para seu amado.
O elo que havia entre os dois parecia inquebrável. Misaki e Jin Ho sempre estavam juntos. Além de namorados, eram amigos, irmãos, companheiros, almas gêmeas. Misaki também foi professora de Jin Ho, ela o ensinou as artes marciais que aprendeu com Jong Hi durante os 22 anos que passara morando naquele vilarejo.
Seis meses depois de se conhecerem, o casal resolveu conversar com seus pais e marcar a data do casamento. Uma onda de felicidade e festa se espalhou naquele vilarejo.
Tudo foi preparado com muito carinho e espero pelas famílias dos dois. Kim Ah Jin, a irmã mais nova de Kim Jin Ho, seria a pequena dama de honra do casamento, que aconteceria na capela do vilarejo.
No dia do casamento, bem cedo pela manhã, Misaki, sua mãe e sua amiga Chaki resolveram ir ao centro da cidade para comprar um lindo bolo de casamento. Elas já haviam ido ao centro muitas vezes, e isso nunca foi um problema.
Porém, nesse dia, tudo foi diferente.
Ao chegarem ao centro da cidade, elas viram homens de terno preto e óculos escuros que andavam pelas ruas movimentadas. Eles eram como sombras vivas e não demonstravam nenhuma emoção em suas expressões faciais. Apenas ficavam sérios e compenetrados, observando cada pessoa com quem se cruzavam. Um dos homens olhou fixamente para o rosto da mãe de Misaki e a reconheceu. A partir daí, iniciou-se uma alucinante perseguição. Para facilitar a fuga, as três mulheres resolveram se separar, cada uma correndo numa direção diferente. Os homens de preto também se dividiram e correram atrás delas. Chaki conseguiu se esconder. A mãe de Misaki conseguiu escapar. Porém, Misaki ficou encurralada pelos COVA.
A única opção que lhe restava era lutar. Misaki era uma vampira muito habilidosa em artes marciais, pois passou 22 anos em treinamento com seu mestre Jong Hi, o líder da comunidade. Jong Hi costumava dizer que ela tinha um talento nato para artes marciais e que mesmo depois de pouco tempo de treinamento (comparada aos vampiros veteranos que passavam séculos treinando), Misaki desenvolveu seu próprio estilo de luta, e isso fazia com que a jovem se igualasse aos grandes mestres que Jong Hi conhecia.
No início, Misaki tentou convencer os COVA de que ela não era uma vampira, mas logo foi desmascarada quando um dos caçadores feriu-lhe o pulso, que se regenerou rapidamente diante de dos olhos dele.
A jovem lutou de forma espetacular contra os homens de preto e quase conseguiu fugir. Porém, foi atingida por um dardo envenenado com uma substância desconhecida. Sendo ela uma vampira, seu corpo deveria expulsar o veneno rapidamente, porém, não foi o que aconteceu. Misaki sentiu muita dor, logo em seguida fraquejou e acabou sendo capturada.
A garota foi levada até um porão de um bar, que na verdade era o local onde os COVA torturavam seus prisioneiros. Seus braços e pernas foram acorrentados. Ela seria a primeira cobaia de um novo método para tortura de vampiros.
Um vírus chamado VANO-7 havia sido desenvolvido no laboratório de pesquisas dos COVA. Quando injetado num vampiro, ele tinha a capacidade de se multiplicar rapidamente, causando uma dor insuportável, e se fosse injetado em grande quantidade, poderia levar a morte.
Em Misaki, o vírus já tinha sido injetado através do dardo que a fez desmaiar. Porém, a quantidade de vírus injetada ainda não era capaz de superar o metabolismo acelerado de seu corpo, que produzia uma enorme quantidade de anticorpos e bloqueava a reprodução desenfreada do vírus.
Misaki já estava se recuperando da dor quando alguém perfurou o braço da jovem com uma grande seringa contendo um líquido viscoso e amarelado. A garota soltou um grito desesperado de dor, e se contorceu ao sentir seu corpo inteiro queimando como estivesse se corroendo por dentro. Desta vez, Misaki quase desmaiou, mas ao invés disso, chorou e gritou por alguns minutos.
-Essa belezinha funciona bem melhor do que eu imaginava... –disse o chefe dos caçadores de vampiros que estava com a seringa na mão, e estampava no rosto um sorriso sádico.
-Por que não me matam logo? Seus vermes! –retrucou Misaki com a voz cheia de ódio, mostrando fúria e dor em seus olhos lacrimejantes.
-Onde estão os outros? Em que lugar vocês se escondem? – interrogou outro caçador, segurando o queixo da jovem próximo a ele e apertando sua mandíbula.
Misaki encarou o homem, fez um esforço para sorrir e depois cuspiu na face dele.
-Vai se ferrar! –xingou ela, e o caçador enfurecido deu-lhe um tapa no rosto.
-Escute aqui... É melhor você não complicar as coisas! Cada vez que você se recusar a dizer onde estão escondidos os outros vampiros, eu vou injetar mais vírus nas suas veias! –falou o chefe caçador, pegando uma nova seringa dentro de uma pequena maleta que estava cheia de seringas contendo VANO-7.
-Está perdendo seu tempo! Mate-me logo! –praguejou Misaki, e seu corpo já estava tremendo.
O chefe dos caçadores não deu ouvidos à ela. A cada injeção tomada, Misaki gritava e se contorcia de dor. Após 7 seringas, a jovem recebeu outro ferimento no pulso, e desta vez, ele não se regenerou.
-Parece que seu corpo já está fraco demais para se regenerar... Isso significa que, se eu lhe der mais uma dose desse vírus, provavelmente você irá morrer... –falou o caçador, tirando mais uma seringa da pequena maleta, e mostrando-a para Misaki.
-Essa é sua última chance de sobreviver... O que me diz? Onde eles estão? –perguntou o outro caçador.
A jovem olhou para seu pulso ensanguentado e depois para a seringa nas mãos de seu algoz. Pensou em Jin Ho, em seu casamento, na vida que poderia ter ao lado de seu amado e na família que eles poderiam construir juntos. As lágrimas voltaram a cair de seus olhos. Naquele momento, além da dor física, Misaki sentiu uma dor mortífera em sua alma. Ela queria viver. Ela queria amar e ser amada. Ela queria ter filhos e construir uma família feliz ao lado do homem que amava.
Foi então que, em meio aos soluços de seu choro, ela disse:
-Eu contarei onde eles estão escondidos... Mas tenho uma condição...
Chaki corria desesperadamente por entre os campos de lavanda. Seus pés já estavam feridos e seus cabelos completamente armados. Ela entrou no vilarejo ofegante, parecendo uma louca, e contou para os moradores tudo o que havia acontecido, inclusive a captura de Misaki, que ela viu com seus próprios olhos. Ao ouvir as palavras de Chaki, Jin Ho entrou em estado de choque.
-Tenho que ir resgatá-la! –disse ele, atordoado, enquanto Jong Hi o segurava pelo braço.
-Não pode fazer isso! –disse Jong Hi. –Você sabe muito bem do que um COVA é capaz! Se você for atrás dela, com certeza será morto!
-Não me importa! Se ela morrer, minha vida não tem mais sentido! –disse Jin Ho, com seus olhos cheios de lagrimas.
Os pais de Jin Ho ainda tentaram impedi-lo, mas o jovem saiu correndo, meio cambaleante e desnorteado, montou num cavalo e cavalgou em direção ao centro da cidade.
Jin Ho correu desesperado pelas ruas da cidade, perguntando a cada transeunte se alguém tinha visto alguma garota parecida com Misaki.
Enquanto isso, os caçadores de vampiro se dirigiam para o vilarejo. Misaki os acompanhava. Ela estava amarrada e caminhava na frente deles para mostrar o caminho, com uma arma apontada para suas costas.
-Ali está! –falou Misaki, indicando com o braço a direção onde se encontrava um conjunto de casebres que formavam uma pequena comunidade ao longe.
O Sol da tarde, com seu brilho ofuscante, iluminava e aquecia os campos de lavanda, acentuando ainda mais o perfume que se espalhava pelo ar.
Algumas horas já haviam se passado desde que Jin Ho havia ido ao centro da cidade para resgatar Misaki. Depois de muito procurar, o rapaz finalmente desistiu. Chorou por alguns minutos enquanto estava sentado numa calçada, exausto e sem esperança. Porém, logo depois enxugou suas lágrimas e resolveu voltar para casa, quem sabe Misaki tivesse escapado e voltado para o vilarejo.
Quando o jovem vampiro se aproximou do campo de lavandas, percebeu que algo parecia estranho. Tudo estava muito silencioso e ele sentiu cheiro de sangue.
Correu em direção ao vilarejo e ao chegar lá, não pôde acreditar no que os seus olhos lhe mostravam.
Todos estavam mortos.
Ao olhar para frente, Jin Ho viu os pais de Misaki assassinados, de mãos dadas. Ao olhar para o lado direito, o rapaz viu Jong Hi ensanguentado no chão, morto, juntamente com outros cadáveres de parentes e amigos. Ao olhar para o lado esquerdo, depois de alguns passos, viu seus pais e sua irmãzinha caídos no chão, sem vida.
-NÃO NÃO NÃO NÃO! PAI! MÃE! KIM AH JIN! KIN AH JIN! –gritou Jin Ho, debruçando-se sobre os corpos de sua família e tentando reanimá-los.
A dor que o jovem vampiro sentia naquele momento, ao ver sua família morta, era insuportável. O rapaz gritou como um louco e chorou descontroladamente. Abraçou o cadáver ensanguentado de sua irmã, deixando suas próprias mãos e roupas encharcadas de sangue.
-Jin Ho! Você está bem? –uma voz feminina perguntou angustiada, e o rapaz logo reconheceu de quem era a voz. Ficou feliz ao saber que Misaki ainda estava viva, mas quando levantou a cabeça para encará-la, viu que a jovem estava acompanhada dos COVA. Sua expressão aliviada logo deu lugar a uma expressão de apreensão.
-Por que eles estão aqui, Misaki? –perguntou o jovem vampiro com uma voz embargada. –Como eles descobriram nosso esconderijo?
Misaki abaixou a cabeça e seus olhos se encheram de lágrimas.
-Sinto muito... Mas eu precisei fazer isso, por nós! –respondeu ela com uma voz chorosa.
Jin Ho mostrou uma expressão confusa e incrédula em sua face.
-O quê? Como assim? – o rapaz levou alguns segundos para entender o que aquelas palavras significavam. –Não me diga que você... Você delatou a nossa família para eles? Deixou que eles os matassem? –perguntou ele enquanto seus olhos também se enchiam de lágrimas.
-Não se preocupe, eles não vão matar você! Eu fiz um acordo com eles! Vão nos deixar livres! Poderemos recomeçar nossa vida em outro lugar! –falou Misaki, forçando um sorriso no rosto.
Lágrimas de ódio começaram a cair pela face do rapaz. Sua expressão mostrava uma enorme indignação e fúria, até que ele finalmente explodiu.
-COMO VOCÊ PODE SER TÃO EGOÍSTA? SEUS PAIS ESTÃO MORTOS! MEUS PAIS E MINHA IRMÃZINHA TAMBÉM ESTÃO MORTOS! É TUDO SUA CULPA! VOCÊ TRAIU TODA A NOSSA FAMÍLIA, TODA A NOSSA COMUNIDADE! –gritou Jin Ho, emanando ódio de seu corpo.
-Eu não tive escolha! –argumentou Misaki, chorando.
-É CLARO QUE TEVE! MAS VOCÊ PREFERIU AGIR DE FORMA EGOÍSTA! VOCÊ TRAIU A NOSSA ESPÉCIE, VOCÊ ME TRAIU! –disse o rapaz, cerrando os punhos e os dentes, enquanto suas lágrimas caíam incontrolavelmente.
Misaki se desvencilhou da corda que a prendia e correu até Jin Ho. Tentou abraçá-lo, porém, ele a empurrou para longe.
-Me perdoe, por favor! Eu só queria nos proteger! –argumentou ela, tentando se aproximar novamente e sendo repelida.
-A que preço? Eu preferia vê-la morta a vê-la traindo e matando a nossa família! –disse o rapaz com todo o seu ódio, e o coração de Misaki sentiu-se apunhalado com essas palavras.
A garota ficou estática, em silêncio. Suas lágrimas continuavam caindo e ela encarava Jin Ho com uma expressão muito magoada.
-Jin Ho... –sussurrou ela, sentindo-se como se fosse morrer de tanta tristeza.
-Kim Ah Jin... Você a matou! Ela está morta por sua causa! VOCÊ É UM MONSTRO! –ao dizer essas palavras, o rapaz que estava cego pelo ódio e desespero, esticou os braços, colocou suas mãos ao redor do pescoço de Misaki e apertou com força, tentando estrangulá-la.
Misaki começou a tossir, sentindo falta de ar.
-Parece que os dois pombinhos estão tendo um belo reencontro! –debochou um dos caçadores, assistindo tudo de perto com um sorriso sarcástico no rosto.
-Então esse é o seu querido noivo? –perguntou o outro caçador à Misaki, que já estava ficando pálida pela falta de ar. –Vai implorar por nossa ajuda ou vai deixar que ele te mate?
-Vamos acabar logo com isso! –falou o primeiro caçador, apontando uma arma para Jin Ho.
Jin Ho levantou a cabeça e viu a arma apontada em sua direção. Afrouxou as mãos que apertavam o pescoço de Misaki e a largou. Ela tomou fôlego, sentindo o ar finalmente voltando aos seus pulmões.
-SEUS DESGRAÇADOS! VOCÊS MATARAM A MINHA FAMÍLIA! –disse Jin Ho, com uma voz repleta de ódio e nojo.
O rapaz se levantou e tentou se aproximar dos COVA, mas Misaki o segurou pelo braço, impedindo que ele desse um passo adiante.
-Largue-me! –ordenou Jin Ho, porém, a garota fingiu não ouvi-lo e apenas se dirigiu aos COVA.
-Vocês fizeram um acordo comigo! Não podem matá-lo! –argumentou Misaki, enquanto Jin Ho tentava se desvencilhar dela.
-Acha mesmo que nós somos do tipo que faz acordos com vampiros? –perguntou um dos caçadores, soltando uma risada sarcástica.
-Mas vocês prometeram! –insistiu Misaki, já em desespero.
Jin Ho finalmente conseguiu se desvencilhar de sua noiva e começou a correr em direção aos COVA.
-Atirem nele! –ordenou o chefe dos caçadores, e os outros apontaram suas armas na direção do rapaz e atiraram.
-NÃO! –gritou Misaki, e nesse momento, ela se colocou na frente de Jin Ho e o abraçou.
O rapaz ouviu o barulho das agulhas perfurando o corpo de sua amada.
Misaki foi atingida por todos os tiros de dardos com vírus. Seu corpo já não podia mais se regenerar, e a quantidade de vírus contida na ponta dos sete dardos que penetraram em suas costas era equivalente à dose contida numa seringa.
-Você está bem? Não foi atingido? –perguntou Misaki à Jin Ho.
-Eu... Estou bem... E você? -perguntou Jin Ho, confuso e preocupado.
Ele percebeu que, aos poucos, ela estava perdendo as forças. O corpo dela foi ficando mole e suas pupilas reviravam-se.
-Misaki? Misaki? –Jin Ho tentou reanimá-la, mas a garota desfalecia em seus braços.
A jovem vampira já não podia mais aguentar-se em pé, porém, antes que pudesse cair, Jin Ho a segurou em seus braços.
-Misaki! Misaki, me responda, por favor! –enquanto implorava por uma resposta de sua amada, o rapaz viu os dardos cravados nas costas dela. Finalmente ele se deu conta do que estava acontecendo.
Misaki olhou nos olhos de seu amado pela última vez e disse com a voz fraca:
-Fuja... Esse é o meu último pedido...
Logo em seguida, a garota olhou para o céu, viu aquele lindo azul ofuscado pelo brilho cintilante do sol e sorriu. Inspirou profundamente o perfume de lavanda pela última vez, até que suas pálpebras ficaram pesadas e sua vista escureceu. Ela ainda podia ver a silhueta embaçada de Jin Ho. A voz do rapaz, que gritava desesperado pelo seu nome, foi se tornando cada vez mais distante. Até que finalmente tudo desapareceu.
-NÃO! NÃO! MISAKI! –Jin Ho chorava e gritava, abraçando o cadáver de sua amada no chão.
-Não era o que você queria? –perguntou o chefe dos caçadores. –Há segundos atrás não era você que estava tentando estrangulá-la?
Jin Ho olhou para o rosto sem vida de Misaki. Ele não sabia mais o que estava sentindo. Sua mente dava voltas e não chegava a lugar algum. As últimas palavras de Misaki continuavam ecoando: “Fuja... Esse é o meu último pedido”.
-Matem-no! –ordenou o chefe dos caçadores.
Jin Ho encarou os caçadores com um olhar animalesco e se moveu rapidamente, desviando-se dos dardos com vírus. Correu por entre os cadáveres caídos no chão e direcionou-se aos campos de lavanda, sendo perseguido pelos COVA.
O rapaz correu o mais rápido que pôde, desviando-se de tiros e dardos que quase se cravavam em seus braços. De repente, Jin Ho sentiu uma picada em sua perna, e logo depois, sentiu como se seu corpo estivesse queimando de dentro para fora. Por causa da dor lancinante, acabou tropeçando e caindo. Viu que um dardo havia atingido sua perna.
-Merda! –reclamou ele, porém, suportou a dor com todas as suas forças e levantou-se, voltando a correr até que finalmente despistou os caçadores de vampiros.
Jin Ho caminhou por mais de duas horas. Já arrastava a própria perna, mancando, e isso a fazia doer insuportavelmente. Enquanto caminhava pela estrada, avistou um viajante numa carroça e lhe pediu ajuda. Depois de subir na carroça, o rapaz desmaiou de tanta exaustão. Ainda podia ouvir o trotar do cavalo, que movimentava àquele meio de transporte rumo à cidade vizinha.
Em seus sonhos, podia ver o rosto de Misaki radiante e sorridente. Ela colhia ramos de lavanda e cantarolava uma música antiga.
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curiosidades
// Por que caçadores franceses?
Bom, eu precisava de uma desculpa para que Jin Ho e Misaki se conhecessem em Provence (onde se localizam os mais belos campos de lavanda do mundo), por isso resolvi transformar os caçadores de vampiros em caçadores vindos da França.