Olá pessoal! Há quanto tempo né?
Então... Aqui estou eu. Essa postagem é uma postagem diferente de todas que eu já fiz aqui no blog.
Pra quem acompanha o blog Coração Feroz, devem saber que 2019 não começou bem para mim. Meu pai faleceu e tanto eu como minha família ficamos abalados emocionalmente. Além disso, com a morte do meu pai, que era aposentado, perdemos a renda fixa que tínhamos e que sustentava a casa.
Ano passado (2018) eu me formei em Design. Foi difícil, foi sofrido, eu passei por muitas crises, mas consegui me formar. Eu sempre fui uma das melhores alunas da minha turma mas sabia que me faltava algo muito importante.
Depois de me formar, saí em busca de emprego e foi me oferecido duas oportunidades. E apesar de eu ter escolhido uma delas e ter passado um período de experiência num trabalho, eu fugi. Sim, eu larguei o emprego por que não me sentia bem.
E por que eu não me sentia bem?
Eu não sei lidar com pessoas. Sair de casa pra mim é sempre um martírio. Pegar ônibus lotado todos os dias, suportar todo o barulho de pessoas conversando, dos carros, os cheiros, todos os estímulos que sofremos quando precisamos sair de casa, tudo era muito difícil pra mim. Algumas vezes eu sentia falta de ar e meu coração ficava acelerado, e eu achava que ia desmaiar dentro do ônibus.
No trabalho, toda vez que alguém me pedia pra fazer algo, eu me sentia ferida. Eu não queria fazer, mas eu fazia. Eu tinha um medo terrível de errar, de ser julgada, de não atender às expectativas, de incomodar, de estragar tudo. Quando alguém me dizia que eu tinha cometido um erro, eu tinha vontade de chorar.
Então eu não aguentei mais, inventei uma desculpa e saí do trabalho. Eu sou esse tipo de pessoa, que foge dos problemas, e acho que puxei isso da minha mãe (mas eu falo sobre isso depois).
Depois disso eu fiquei muito deprimida. Não queria mais sair de casa de jeito nenhum e queria sumir da face da terra. E foi então que meu pai morreu. E aí as coisas desabaram de vez.
Me senti cada vez mais pressionada a procurar um emprego, já que precisava ajudar nas despesas em casa. No entanto, eu sempre entrava em crise cada vez que pensava nisso. E quando eu falo em "crise" eu quero dizer crises suicidas. Pensei em me matar inúmeras vezes e só não tentei fazer isso de fato por que isso iria deixar a minha mãe ainda mais arrasada depois da morte do meu pai.
Eu tenho alguns problemas com a minha mãe. Nós somos distantes e nunca conversamos sobre nada. E mesmo vendo eu prostrada na cama o dia inteiro e dizendo que queria ver um psicólogo ou psiquiatra, a única coisa que ela conseguia me dizer é que eu não precisava disso, que eu não era louca. E depois disso ela chorava e indiretamente me chamava de louca.
Minha mãe não é uma pessoa ruim. Ela sempre foi super protetora e se preocupa muito comigo. No entanto, ela é meio covarde e não quer admitir pra si mesma que tem uma filha com problemas mentais.
Eu não tenho medo de admitir que tenho problemas mentais. Mas eu tenho medo que esses problemas me limitem e me impeçam de ser uma pessoa feliz e bem sucedida.
Mesmo passando por problemas financeiros, peguei o pouco que eu tinha guardado e fui atrás de uma psicóloga. Não contei a minha mãe, por que se eu contasse ela iria surtar e provavelmente me impediria de ir.
Foi uma experiência difícil ter que contar pra alguém pela primeira vez como eu me sentia. Porém, mesmo depois da primeira sessão, parecia que a psicóloga já sabia exatamente o que eu tinha. E por incrível que pareça, eu também.
Na segunda sessão eu perguntei pra ela, mas ela ficou com receio de me dizer. Ao invés disso ela me olhou com um olhar meio hesitante e perguntou: É muito importante pra você saber o motivo de ser assim? E eu disse pra ela que sim. Por que ao longo da minha vida inteira, ao longo dos meus estudos e distanciamento das pessoas, além da falta de relacionamentos próximos, ao longo dos meus 27 anos eu sabia que tinha algo de diferente em mim.
Então ela disse que não poderia me diagnosticar, pois para isso eu deveria consultar um psiquiatra (por que eu não fiz isso antes??? droga!), mas que diante de tantos sintomas, ela poderia dizer que eu tenho MUITAS chances de ser autista. Autismo leve, também conhecido como Síndrome de Asperger.
Ela queria que eu ficasse em terapia, mas minhas condições financeiras não me permitiram. Eu não tenho um emprego, não tenho dinheiro e não posso cuidar da minha saúde por causa disso. E por causa da minha saúde eu não consigo arrumar um emprego. Basicamente, eu estou presa numa situação que faz com que eu me sinta um lixo.
Minha mãe não me compreende, e mesmo morando na mesma casa não conversamos sobre o que sentimos, e eu não tenho amigos e nem ninguém com quem desabafar. Tudo está sobre os meus ombros e eu me sinto paralisada. Não temos dinheiro e nosso futuro é incerto.
E mesmo que as coisas não estejam "as piores possíveis" agora, minha ansiedade só faz os problemas parecerem gigantes e impossíveis de se resolverem.
E nesse momento eu venho desabafar aqui e dizer que eu não sei qual será o futuro do blog, ou mesmo qual será o meu futuro (será que eu tenho futuro?).
Eu estou tentando me acalmar, me organizar, não pensar de maneira tão pessimista. Mas não sei se continuarei postando aqui... Talvez sim, talvez não... Não sei como será a minha vida daqui em diante. As vezes eu me empolgo e tento seguir em frente, faço planos, monto projetos, mas logo em seguida eu fico mal e abandono tudo, perco a confiança de realizar meu sonhos, perco a vontade de correr atrás dos meus objetivos, perco até a vontade de viver.
No momento eu venho me agarrando até as pequenas coisas pra continuar tentando dar um rumo pra minha vida. O mundo hoje é o mundo do imediatismo, se não conseguirmos algo logo a nossa vez passa e morremos de fome. No entanto eu sou o tipo de pessoa que não consegue levar as coisas de forma rápida. Eu não entendo o mundo, não entendo as pessoas. Eu não me encaixo. Eu não quero uma vida sem significado.
Bom, pessoal, é isso! Espero que essa não seja a última postagem do blog, espero continuar vindo aqui mais vezes, no entanto, como eu disse, no momento o meu futuro e o futuro do blog é incerto.