domingo, 3 de março de 2013

O Príncipe de Cheonan (capítulo 3)

Oi pessoal!
Bom, eu sei que estou muuuito atrasada em relação às minhas fanfics, mas é que tenho tanta coisa pra fazer que não sobra tempo nem para escrever, nem para me inspirar rsrs

Espero que vocês compreendam e me perdoem por isso. Aliás, sobre a minha outra fanfic, A parede de cristal, eu estou reformulando aos poucos, espero que tenham paciência. Até agora só consegui reformular os primeiros três capítulos (para conferi-los, clique aqui), mas prometo que continuarei reformulando todos os outros (só não sei quanto tempo vai levar para terminar tudo rsrs). 

Agora, confiram o capítulo três de "O príncipe de Cheonan", espero que gostem! (para ver os primeiros capítulos, clique aqui).



Capítulo 3 – O olhar de um vampiro 

“Até onde a mente humana pode ir? Será que um dia, nós, seres humanos, poderemos alcançar tudo o que a nossa ambição deseja? Todos querem o poder. Mas esse “poder” tem significados diferentes para cada pessoa. Alguns preferem ser realistas, buscam o poder através de coisas materiais, como o dinheiro, a influência política, a aparência ou a intelectualidade. Outros preferem acreditar que o verdadeiro poder está nas coisas extraordinárias e sobrenaturais, coisas que o homem sempre almejou e nunca conseguiu obter, como a imortalidade, a capacidade de controlar objetos e até mesmo controlar outras pessoas com o poder da mente, contrariar as leis da física... Cada um de nós tem uma visão diferente para “o poder”, e é essa visão que nos faz ser único perante o universo”. 


-Caros estudantes do terceiro período de História, eu lhes apresento o professor substituto... Kim Jin Ho! – disse o diretor Jang com sua voz animada, enquanto meus ouvidos zuniam. 

Meus olhos não acreditavam no que estavam vendo. Talvez fosse apenas uma alucinação, uma miragem criada pelo meu subconsciente. O novo professor de história contemporânea era o mesmo homem que me atacou naquela viela escura. Eu estava bem ali, diante dele, e ele estava tão perto, mas ao mesmo tempo, parecia distante de mim, infinitamente distante de mim, como se estivéssemos em universos diferentes. Com seus olhos misteriosos, que demonstravam uma serenidade falsa, a qual eu sabia que escondia toda a sua ferocidade e seus instintos perversos. Um sorriso retorcido esboçava-se no canto de sua boca, e quando ele levantou seus olhos para observar sua nova turma, senti um calafrio no momento em que suas pupilas se encontraram com as minhas. Era como se o tempo tivesse congelado por alguns segundos. Quando nossos olhos se cruzaram, sua expressão calma deu lugar a uma cara de espanto. Ele desviou o olhar rapidamente e pareceu desnorteado por um segundo, porém, imediatamente se recompôs e voltou a mostrar aquela expressão serena e impassível. 

O diretor Jang continuou com seu discurso, esticando o braço na direção do professor substituto: 

-O professor Kim Jin Ho nasceu aqui mesmo em Cheonan, porém, quando tinha apenas cinco anos de idade, mudou-se com seus pais para os Estados Unidos, e passou boa parte de sua vida estudando nos melhores colégios, graduou-se em História, logo depois fez pós-graduação e doutorado em Harvard, onde também conseguiu um emprego como professor. Para Kim Jin Ho, foi muito difícil ter que deixar Harvard, mas ele aceitou o convite para vir lecionar aqui em sua terra natal, pois estava com muita vontade de conhecer Cheonan. Porém, sua temporada aqui nesta cidade será curta, apenas um semestre. 

Quando o diretor parou de falar para tomar fôlego, um dos estudantes levantou o braço e disse: 

-Desculpe a interrupção, diretor, mas eu gostaria de saber se o professor Kim poderia nos contar um pouco sobre sua experiência em Harvard, e também... Erm... Será que ele poderia dizer qual a sua idade... É que ele parece muito jovem para ser um professor... 

Antes que o rapaz completasse suas perguntas, os olhos malignos de Jin Ho já estavam cravados sobre o pobre estudante. 

-Não precisa utilizar o diretor Jang como intermediário, pode me fazer às perguntas diretamente... E respondendo a sua pergunta, eu tenho 27 anos. – disse Kim, dando um passo para frente, com os braços para trás e suas mãos entrelaçadas nas costas. Sua voz era firme e ameaçadora, não muito grave, porém, cortante como uma faca. –Acho que ainda não é o momento adequado para falar sobre Harvard! –completou. 

-Ele parece assustador... - cochichou Yo Jin ao meu ouvido, e eu apenas continuei estática, sem tirar os olhos dele, como se estivesse hipnotizada com aquela atmosfera misteriosa e dominadora que o envolvia. 

-Acho que vou ficar bem de agora em diante. –continuou o professor, voltando-se para o diretor e fazendo com que ele entendesse que já estava na hora de se retirar da sala de aula e deixar o novo membro do corpo docente cuidar de sua turma sozinho. 

-Ah, é claro! Peço desculpas por estar me intrometendo em sua aula! Estou me retirando... –falou o diretor um pouco constrangido (seu sorriso agora não parecia mais espontâneo). –Estudantes, aproveitem bem a aula, pois não existe professor melhor do que este em TODA a Coréia do Sul! –após dizer essas palavras, o diretor fez uma reverência ao professor Kim e saiu pela porta da sala. 

-Isso é muito estranho, o diretor trata o novo professor como se ele fosse um rei ou coisa parecida. – cochichou Yo Jin mais uma vez, e desta vez, eu respondi, ainda sem tirar os olhos daquele homem. 

-Ele veio de Harvard, sabe que o quanto isso significa? Todos os estudantes daqui querem ir para Harvard! – falei meio aborrecida. 

-Hum... E o que tem de tão bom em Harvard? –perguntou Yo Jin num tom de deboche. 

-HÃ?! –interroguei indignada virando o rosto na direção de Yo Jin, e minha voz soou um pouco alta, fazendo com que todos os estudantes olhassem para nós duas. 

Fiquei constrangida e escondi disfarçadamente meu rosto com a mão, só depois me veio à mente a possibilidade de que “ele” também estivesse olhando para mim. Para confirmar minha teoria, espiei por entre os dedos e tive uma leve surpresa. Kim Jin Ho não estava olhando para mim, pelo contrário, ele estava de costas escrevendo no quadro branco. O barulho do marcador riscando o quadro logo chamou a atenção dos alunos, fazendo com que eles se esquecessem da minha garfe. 

-Fiquei sabendo que o antigo professor teve um ataque cardíaco e morreu... Meus pêsames... –disse Jin Ho, ainda de costas escrevendo no quadro e sem nenhuma emoção na voz. 

-Ele é tão frio! – cochichou Yo Jin ao meu ouvido, tomando cuidado para não ser escutada pelos outros. – Se parece com você! 

Olhei para ela com uma expressão indignada. Parecer comigo? Aquele “ser” que eu nem ao menos sei o que é? Que ultraje. 

-Também fiquei sabendo que o ultimo assunto lecionado foi a Guerra da Coréia... Alguém poderia me confirmar isso? –perguntou Jin Ho, finalmente virando-se para a turma. 

Um estudante sentado na fileira da frente levantou o braço. 

-Sim, professor! O último assunto dado pelo professor Chun foi a Guerra da Coréia! 

-Então eu posso supor que todos aqui estão perfeitamente preparados para uma prova surpresa sobre a Guerra da Coréia? –perguntou o professor Kim, com um sorriso maligno no rosto. 

-Erm... Eu... Erm... 

Os estudantes começaram a cochichar e entreolharem-se assustados. 

-Tudo bem... Já que vocês não parecem estar levando a aula de História Contemporânea a sério, talvez este seja o momento de tomar medidas drásticas! –falou Jin Ho, e sua expressão estava radiante, como se ele estivesse divertindo-se ao amedrontar sua nova turma. 

Foi então que ele voltou a escrever no quadro: 

Resumo detalhado sobre a Guerra da Coréia. 20 páginas. Entregar na próxima aula. 

Todos os estudantes pararam de cochichar e olharam espantados para as palavras escritas no quadro. Depois, começaram a cochichar entre si novamente. Yo Jin outra vez sussurrou ao meu ouvido: 

-20 páginas? Então isso não é um resumo, é a história inteira! 

-Parece que você entendeu muito bem o verdadeiro objetivo desse trabalho, senhorita Yo Jin! –retrucou Jin Ho, e minha amiga tomou um susto, empalidecendo imediatamente. 

-Como... Quando... Como ele conseguiu me ouvir? –perguntou Yo Jin completamente surpresa. –Eu falei baixo! Juro que falei baixo! Como ele conseguiu me ouvir? E como ele sabe meu nome? 

- Senhorita Yo Jin! Eu ficaria muito grato se você parasse de falar pelos cotovelos agora... E para sua informação, eu tenho uma boa audição, uma audição melhor do que a de qualquer um nessa sala! –disse o professor Kim, olhando ameaçadoramente para ela, e logo depois, encarando os outros. – E, além disso, tenho uma ótima memória... Vi a ficha de todos vocês hoje cedo, decorei o nome e o rosto de cada um... 

Yo Jin e os outros estudantes tiveram a mesma reação. Todos ficaram assustados e sem voz, com os olhos arregalados na direção do professor. Depois disso, ninguém mais cochichou nada, apenas observavam com seriedade o professor Kim explanar sobre a Guerra do Vietnã, alguns nem ousavam olhar em seus olhos. Eles estavam assustados demais com as ameaças e os “super-poderes” recém-descobertos daquele homem que mais parecia um ser de outro planeta. E o pior de tudo era que além de bonito, Jin Ho também sabia muito bem usar as palavras, suas explicações eram melhores do que qualquer livro ou até mesmo qualquer documentário que se referisse ao assunto abordado. Estávamos diante de um professor excepcional. Kim Jin Ho era capaz de esclarecer qualquer dúvida num piscar de olhos. Um homem perfeito, acima dos outros, mas será que ele era mesmo humano? 

O decorrer da aula foi tranquilo e ao mesmo tempo um pouco tenso. Tínhamos um ótimo professor, porém sua simples presença me causava um desconforto imenso, e provavelmente esse desconforto também afetava os outros alunos, apesar de ser eu a única naquela sala a saber de seu segredo. Parecia que ele carregava uma atmosfera nublada e agressiva ao seu redor, deixando-nos sempre desconfortáveis. 

-Alguma dúvida? –perguntou Kim, e sua voz parecia um pouco mais calma e suave. 

Ninguém levantou o braço. Não por medo, e sim por que simplesmente não havia dúvida alguma. Kim poderia até fazer uma prova naquele instante. Tenho certeza de que não haveria nenhuma nota abaixo da média. 

-Dispensados! 

Depois dessa única palavra, todos os alunos da sala começaram a arrumar suas coisas e sair o mais rápido possível daquele lugar. Yo Jin foi umas das primeiras a atravessar a soleira da porta, quase correndo, parecia completamente atordoada, e mesmo que eu pedisse para ela me esperar, acho que não me ouviria. De qualquer forma, eu não queria que ela me esperasse. Pelo que tudo indicava, a sorte estava do meu lado. 

Esperei um pequeno intervalo de tempo até que o último estudante saísse da sala de aula. Jin Ho continuava sentado à sua mesa, lendo algumas anotações e guardando-as entre páginas de livros. Estava sério e compenetrado, porém, eu sabia que ele, na verdade, sentia medo do que estava prestes a acontecer. 

Levantei de minha cadeira e fui caminhando lentamente em sua direção. Os meus dedos tocavam de leve cada cadeira pela qual eu passava. Meu coração batia forte como um instrumento de percussão em pleno festival. Minha boca estava seca, e os meus olhos, um pouco úmidos. 

Faltando poucos passos para chegar ao meu destino, algo inesperado acontece. Jin Ho arruma suas coisas de forma rápida e desesperada, levanta-se da cadeira e caminha em direção à porta da sala. Não! E agora? Ele está fugindo? 

Naquele momento crucial, deixei-me levar pelos instintos e simplesmente corri. Antes que ele pudesse colocar a mão na maçaneta da porta para abri-la e passar por ela, deixando-me sozinha com minha frustração infernal, eu corri. Corri como uma louca desesperada e empurrei a porta com as duas mãos, fechando-a definitivamente. Desta forma, ele não poderia mais fugir. 

-Posso saber o que está fazendo, senhorita Tae Hee? –ele perguntou com uma voz fria, e não parecia abalado com a minha atitude. 

-Vejo que também sabe o meu nome... –retruquei ainda ofegante, e por algum motivo, eu senti que minha presença o estava incomodando. 

-Primeira aula comigo e já está agindo de forma arrogante? –replicou ele, e seus olhos pareciam furiosos, porém, sua expressão estava contida e serena. -Por que está me impedindo de sair? 

Soltei uma risada insana. Era estranho. Aquela garota que estava ali com ele não se parecia nada comigo. Era uma parte de mim que nem eu mesma conhecia. 

-Eu estou com muito medo, mas... Definitivamente quero saber quem você é! – meu coração doía de pavor enquanto pronunciava essas palavras. 

-Não sei do que está falando, vá para casa, você parece doente! – ele retrucou, e em seguida, segurou a maçaneta e a puxou, em contrapartida, eu empurrei a porta no sentido contrário, fazendo com que ela se mantivesse fechada. 

-Quem é você? –perguntei, e percebi que minha voz estava trêmula. 

-Eu sou o professor substituto, esqueceu? Definitivamente você precisa ir consultar um médico! –ele debochou, e seus olhos desviavam-se continuamente dos meus. 

Novamente ele puxou a maçaneta da porta, e assim como antes, eu a empurrei no sentido contrário, e ele me encarou com sua expressão assustadora. Porém, não me deixei amedrontar. 

-Desde quando você é tão bonzinho?-perguntei. - Por que está me perguntando se eu esqueci, se você sabe que eu lembro muito bem? – retruquei com uma voz firme, e ele baixou os olhos, olhando de lado. 

-Não sei do que está falando. 

-Quem é você? –insisti. 

-Não sei do que está falando. 

-QUEM É VOCÊ? –gritei, e nesse instante, uma fera segurou meus ombros e me empurrou contra a porta. 

Kim Jin Ho estava tão próximo a mim como naquela noite. Podia até mesmo sentir sua respiração quente perto do meu rosto. Sua expressão furiosa finalmente se revelou. 

-Quer mesmo saber quem sou? –ele perguntou, esboçando um sorriso malicioso e assustador em sua face. 

Meu coração batia tão rápido que naquele momento eu poderia ter um ataque de euforia e desmaiar nos braços dele. 

-S-Sim... Q-Quem é você? –perguntei gaguejando pela última vez. Minha respiração estava forçada e sentia falta de ar. 

Jin Ho ficou me encarando por alguns segundos. Sorriu maliciosamente e uma de suas mãos soltou o meu ombro e apertou o meu pulso esquerdo, levantando-o até a altura de sua boca. Meus olhos se arregalaram e eu quase gritei, porém, antes que pudesse fazer algum barulho, ele tapou minha boca com sua outra mão, e depois, mordeu o meu pulso, sugando o sangue de forma violenta e faminta. 

Tentei me desvencilhar e empurrá-lo para longe de mim, mas sua força era sobre-humana e eu não tinha a menor chance contra ele. Jin Ho me detinha contra a porta junto a seu corpo. Debati-me, mas aos poucos, fui me sentindo fraca pela perda de sangue. 

Alguns minutos se passaram e quando já estava prestes a desmaiar, Jin Ho afastou seus lábios do meu pulso e olhou de uma forma feroz bem no fundo dos meus olhos. 

-Aí está sua resposta... – ele debochou, sorrindo, com o meu sangue escorrendo pelo canto de sua boca e ao mesmo tempo apontando para a marca de mordida. – Sou... Um vampiro. 

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Curiosidades:

//De onde vem a inspiração para escrever essa história?

Bom, serei bem sincera agora, quase sempre a inspiração vem exatamente no momento em que eu estou escrevendo. É como se tudo fosse uma grande improvisação. Às vezes, antes de começar a escrever, eu fico pensando no enredo, mas quando eu vou para o computador e começo a digitar a história, mudo de opinião e escrevo algo totalmente diferente do que eu havia planejado. A verdade é que minhas ideias vem de acordo com o meu humor. Quando estou triste, a história fica mais melancólica e sombria, já quando estou alegre, a história fica mais animada e leve. É claro que eu já tenho em mente o "esqueleto" de toda a história, mas dependendo do meu humor, posso mudar de opinião e, desta forma, a história tomará um rumo completamente diferente do que inicialmente eu poderia ter imaginado.







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