quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Parede de Cristal (capítulo 1)

Olá pessoal! 
Hoje irei postar o começo de uma grande aventura chamada "A Parede de Cristal", é uma história do gênero ficção científica e romance, espero que eu possa levar esse projeto até o fim, pois até hoje, sempre tive problemas para terminar uma história que comecei a escrever. Mas deixando esse meu medo de lado, resolvi investir toda minha criatividade nessa ficção, A parede de cristal é uma obra única e exclusiva de minha autoria.


A Parede de Cristal

Capítulo 1- Local de trabalho




Tão estranho quanto qualquer outro centro de pesquisa e ao mesmo tempo infinitamente mais grandioso e movimentado, Smart City era a instituição de pesquisa e Agência espacial mais famosa dos Estados Unidos. Localizava-se no Texas, 100 metros abaixo do subsolo. Havia exatamente 513 laboratórios e um enorme túnel que chegava até a superfície onde se encontrava uma plataforma de lançamento de foguetes espaciais. O principal motivo de ser constantemente investigado pela mídia era o fato de seu maior projeto estar intimamente relacionado à catástrofe de 2012, considerado por alguns o último ano da era cristã.
Após 41 anos de esforço e dedicação por parte dos cientistas, os primeiros frutos da pesquisa a qual foram investidos mais de 7 trilhões de dólares começaram a aparecer. A mídia com toda a certeza não perderia sua chance de informar à população o que realmente foi construído depois de tantos anos de espera. Finalmente, em abril de 2053, seria lançada a primeira nave espacial com destino ao planeta Babylon, que segundo as apurações, foi o responsável pela destruição de 53% da raça humana em 2012.
O grande auditório, localizado na entrada de Smart City, onde se acomodavam mais de 20 mil pessoas, estava barulhento e parecia uma boate de pirotecnia, de tantos que eram os flashes das câmeras fotográficas apontadas para o chefe do departamento de investigação e desenvolvimento de estruturas espaciais. Stuart Johnson, já confuso no meio de tanta balbúrdia, tentava acalmar todos os repórteres desesperados por uma notícia em primeira mão, mas nada estava funcionando.
–Por favor, se acalmem! Eu já disse, a coletiva de imprensa começará às nove horas! Entenderam? Às NOVE horas, eu ficarei muito feliz em responder todas as suas perguntas e esclarecer todas as suas dúvidas! –falou o velho cientista, num tom enfurecido, sobre o enorme palanque do auditório.
–Mas senhor Johnson, sendo chefe do departamento, o senhor deveria nos dar explicações sobre essa inesperada notícia de que a nave com destino à Babylon está pronta para ser lançada! – disse um repórter, esticando o microfone na direção do cientista.
–Eu já disse! Às NOVE horas ficarei muito feliz em esclarecer todas as suas dúvidas! AGORA, POR FAVOR, FAÇAM SILÊNCIO E PAREM DE TENTAR INVADIR OS LABORATÓRIOS!
–Mas senhor Johnson!
–Senhor Johnson!
–Senhor Johnson! Por favor...
–O senhor precisa nos explicar...
Estando completamente sem paciência para lidar com aquela situação, Stuart Johnson desceu do enorme palanque e saiu resmungando para si mesmo, enquanto isso, vários seguranças tentavam afastar os repórteres e câmeras que o seguiam freneticamente corredor adentro.
–Sinto muito, daqui vocês não podem passar!-disse um dos seguranças para os repórteres, que cercavam o chefe de departamento enquanto percorriam um sinistro corredor, aos quais várias portas indicavam passagens para diversos laboratórios.
–Espere! Senhor Johnson! –gritou um jornalista enviesado. - Deixe-nos passar seu guarda idiota!
–Não podem passar!-disse outro segurança apertando o braço de um dos repórteres.
–SENHOR JOHNSON!-gritou uma repórter esticando o microfone na direção do chefe do departamento e empurrando o guarda, que tentava cobrir com as mãos a lente de uma câmera.
–Stuart Johnson, volte aqui! Queremos explicações!-Falou um jovem repórter tentando passar por debaixo das pernas de um dos seguranças, enquanto Stuart Johnson já adentrava em seu escritório.
Enraivecidos com o tumulto que se alastrava, os seguranças empurraram os intrusos e fecharam a porta da sala bruscamente, fazendo muitos dos jornalistas terem seus rostos arranhados e narizes quebrados. Depois disso, os repórteres pararam de gritar e começaram a conversar entre si, xingando e gemendo de dor. Ao perceber a diminuição da gritaria, causada tanto pela violência dos seguranças quanto pelo abafamento do som no momento em que a porta foi fechada, Stuart finalmente suspirou de alívio.
–Em 60 anos de vida, nunca tinha visto a imprensa tão enlouquecida como hoje!-falou Johnson, levando a mão ao coração como se quisesse enfartar e sentando-se em uma das poltronas de seu grande e luxuoso escritório.
–Fique calmo, Senhor Johnson, logo tudo ficará bem!-Disse Marcus, assistente júnior de Stuart.
Marcus era formado em engenharia mecânica, porém, sempre se interessou por assuntos internos e administrativos. Por isso, na primeira oportunidade que teve, logo se candidatou a assistente do chefe. Um homem jovem e ambicioso, de aparência cálida, porém não muito atrativa. Seu olhar denunciava sua alma egocêntrica. Stuart e Marcus desenvolveram uma amizade cheia de interesses políticos, ao qual o assistente júnior não tinha vergonha de admitir que estava apenas utilizando a influência daquele velho cientista para subir de posição. Stuart sabia da ambição de Marcus, porém isso só lhe fazia lembrar-se de si mesmo, quando era mais novo e fazia de seus superiores seus degraus para conseguir chegar ao topo.
–Sabe, apesar de essa confusão toda estar me enlouquecendo, o que mais me preocupa é... Será que dará tudo certo?-perguntou Johnson, encarando Marcus com um olhar preocupado.
–Bom... Senhor Johnson, isso ninguém pode prever... –respondeu Marcus, caminhando até o pequeno frigobar no canto da sala e pegando duas garrafas de cerveja. -Tome, não faz bem à saúde, mas com certeza vai acalmar os ânimos! – disse o rapaz, oferecendo uma das cervejas a seu chefe.
–HAHAHA Você não tem jeito mesmo, não é, Marcus?
Os dois começaram a rir e depois de perceberem um aumento no barulho fora da sala, entreolharam-se e entregaram-se a um gole de bebida, conversando sobre projetos futuros.


Distante dali, no laboratório 513, “estudos de organismos multicelulares extraterrestres”, estava David Smith, um jovem cientista de 23 anos, especializado em biologia molecular, formado pela Universidade de Harvard. Filho de um brasileiro e uma norte-americana, apesar de ter nascido no Brasil, naturalizou-se americano quando fez 18 anos de idade. Tinha um rosto bonito, porém desleixado, e seus óculos sempre escorregavam pelo nariz. Sua personalidade era introvertida e intelectual.
–Isto aqui está um inferno! Erin! Você viu? Tentaram invadir o laboratório Três vezes!-falou David, andando de um lado para o outro com os braços para trás e os olhos focados na porta.
–Calma, David, você acha que está ruim? O laboratório 1 foi invadido 24 vezes!- Falou Erin, um jovem cientista irlandês de descendência africana.
Erin tinha uma aparência exótica e bela, era mais alto e mais forte que David. Tinha os olhos claros, apesar da pele quase negra. Ao contrário de seu companheiro de laboratório, sua personalidade era mais extrovertida e animada.
–Como vamos trabalhar desse jeito?-perguntou David enfurecido.
–Ah, que bobagem, hoje não é dia de trabalhar!-disse Erin em tom de zombaria.
–Quem se importa com essa nave idiota! Certamente será mais um alarme falso! E sabe o que mais? Se eles conseguirem chegar à Babylon, vão todos ser mortos! –falou David, parando de andar e focando os olhos em Erin.
–Alguém está bancando o idiota aqui! David, Você por acaso sabe por que levou tanto tempo para construírem a nave? O que nós queremos não é explorar o espaço, queremos é vingança!
–Ah não acredito, lá vem você com essa história absurda de bomba nuclear!- exclamou David, rindo ironicamente.
–Acha que uma nave levaria tanto tempo para ser construída? É claro que não! O que eles estavam construindo era uma bomba tão potente que seria capaz de fazer um planeta inteiro em pedaços!
–Erin, pode parar...
–Mas eu estou falando a verd...
Subitamente, ouve-se um barulho ensurdecedor e um homem entra disparado pela porta do laboratório, seguido por dois seguranças de uniforme azul.
–Volte aqui! Essa área é proibida para visitantes!-falou um dos seguranças.
–MAIS QUE DROGA! TIRE ELE DAQUI!- gritou David, tão alto que esse simples esforço o fez ficar de uma cor rubra.
–Desculpe senhor, vamos sair imediatamente! –falou o outro segurança, alcançando o braço do invasor e imobilizando-o.
–Temos 20 mil pessoas no auditório, é impossível ficar de olho em todas elas!- o primeiro segurança falou, ajudando o outro e segurando o braço livre do invasor.
–VOCÊS É QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELA ORDEM DESSE LUGAR, TRATEM DE FAZER BEM O TRABALHO PELO QUAL SÃO PAGOS!- rosnou David, começando a ficar roxo de raiva.
–Ei, cara, calma aí! Não precisa ser tão rude com os guardas, eles estão fazendo o que podem!-disse Erin, um pouco assustado com a reação exagerada de seu companheiro de laboratório.
–POIS ENTÃO QUE FAÇAM MAIS! E SAIAM LOGO DAQUI!- continuou David, começando a ficar ofegante e tonto.
–Desculpe senhor!- respondeu um dos seguranças, cabisbaixo. Os dois guardas saíram do laboratório arrastando o invasor, batendo com força a porta.
David pareceu piorar de sua falta de ar, caminhou até sua mesa e sentou-se na cadeira.
–Mais uma crise de asma?-perguntou Erin.
–Só preciso... De um pouco de paz... -David ficou quieto e aos poucos sua respiração foi se normalizando. Enquanto isso, Erin permaneceu em silêncio e voltou para sua mesa.
Os dois começaram a trabalhar em silêncio como se nada tivesse acontecido. A expressão de Erin estava séria, porém parecia também um pouco preocupada. Por fim, o rapaz resolve falar.
–Talvez você devesse tirar umas férias... Sabe, você não parece bem, David...
–Não precisa se preocupar...
–Mas você está aqui a mais de seis meses! Ficar seis meses sem ver a luz do sol certamente é prejudicial à saúde!
–Eu sei, mas você sabe muito bem por que não posso sair agora...
–Não me diga que você ainda se sente responsável pelo fracasso da última pesquisa?
–O próprio chefe do departamento disse que eu era o culpado...
–Ele só queria culpar alguém! Aquele prepotente não tem um pingo de respeito pelos seus subordinados!-resmungou Erin, levantando-se bruscamente de sua cadeira. –David, você é o membro mais novo desse centro de pesquisa! É claro que ele iria culpar você!
Apesar de seu olhar preocupado e triste, David sorriu.
–Obrigado, Erin, tenho sorte de ter um amigo como você aqui nessa prisão.
– David, você deveria parar de falar assim desse lugar, quanto mais você o repudia, mais doloroso é para você ficar aqui...
–Olha quem fala! Não era você que estava xingando o chefe do departamento agora a pouco?
Os dois começam a rir, mas por algum motivo desconhecido, os sorrisos, aos poucos, se tornam expressões preocupadas. Depois de um tempo, David e Erin voltam ao trabalho. Mais uma vez o silêncio toma conta do lugar.





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