quinta-feira, 5 de julho de 2012

A parede de cristal (capítulo 5)

Oi pessoal! Venho aqui trazer mais um capítulo da minha historinha, espero que estejam gostando, sei que não sou muito boa em descrições e às vezes pode ser que a história não fique como o esperado, mas não se esqueçam de que essa é a primeira história longa que eu escrevo (o máximo que consegui chegar numa história foi no segundo capítulo, felizmente agora estou me superando!), sei bem que tenho muito a evoluir, mas eu sou uma pessoa criativa, por isso me esforçarei ao máximo para conseguir ser uma boa escritora. Pode ser que ajam erros de concordância ou gramática (nunca fui boa nisso rsrs), a verdade é que eu preciso urgentemente de um revisor rsrs

Sem mais delongas, vamos ao que interessa!



Capítulo 5 – Pesadelos


David estava se afogando. A água gelada entrava em seus pulmões e, por um momento, realmente parecia ser o fim de tudo. David tinha certeza que iria morrer. Porém, ele não desistiu de tentar se salvar. Esticava os braços e se contorcia, tentando voltar à superfície ou quem sabe encontrar algo que pudesse se apoiar. Para sua surpresa, uma de suas mãos tocou alguma coisa sólida e lisa. O rapaz se acalmou e abriu bem os olhos para tentar enxergar o que acabara de sentir com sua mão.

A neblina em seus olhos diminuiu um pouco e ele conseguiu enxergar a sua frente um vidro semitransparente. “Estou dentro de um aquário?”, ele pensou. David bateu com força na parede de vidro e clamou por ajuda. Tentou enxergar através do vidro, mas tudo estava embaçado. Para tentar ver melhor, ele encostou seu rosto na superfície lisa do vidro. “Não há nada aqui, não posso ver nada”. Subitamente, como se apenas tivesse aparecido como mágica, surgiram dois olhos azuis do outro lado do vidro. Os olhos eram claros, brilhantes e as pupilas como a de um gato. David tomou um susto, se afastando rapidamente da parede transparente e percebendo que sua dificuldade de respirar já não lhe incomodava mais. “Não vou morrer? Ou será que já morri?”, pensou.

-David, por que você está aqui?-uma voz feminina perguntou.

David imediatamente reconheceu a voz, pois era a mesma voz que ele ouvia todas as noites. A voz da garota sem rosto. O rapaz ficou atordoado, sentiu um pequeno e doloroso incômodo no ouvido, como quando alguém escuta uma interferência sonora.

-O que você vai fazer quando chegar a hora? Responda-me, David, o que vai fazer?-perguntou a garota de cabelos prateados do outro lado do vidro. David ainda não conseguia ver seu rosto.

-Eu... Eu não sei do que você está falando! –respondeu David, percebendo que mesmo dentro d’água, conseguia responder a pergunta claramente, e também percebeu que não precisou mover os lábios para falar. –Ajude-me! Ajude-me a sair daqui! Vou me afogar!

-Por que está fugindo de seu destino? Tem medo de morrer? –perguntou a garota, e os ouvidos de David mais uma vez se sentiram incomodados.

David começou a se desesperar, sentiu uma angústia no peito e tentou quebrar a parede de vidro com socos e chutes.

-TIRE-ME DAQUI! QUERO SAIR DAQUI! SOCORRO! Eu não sou... Eu não sou... -o rapaz sentiu um nó na garganta e uma inexplicável sensação de que deveria saber o verdadeiro motivo de estar naquele lugar. Subitamente, seus sentidos pareciam ficar mais aguçados e, muitos sons, cheiros e luzes se misturavam. David começou a ter vertigens.

De repente, a água, que antes era semitransparente, foi ficando vermelha, como se alguém estivesse sangrando ali. O desespero mais uma vez tomou conta de David, que olhou para seus braços e pernas, tentando encontrar algum ferimento que fosse a causa de todo aquele vermelho se espalhando pela água. “Estou ferido?”, pensou. O incômodo em seus ouvidos chegou a um ponto onde se tornou uma dor insuportável. David grita de dor.

-David, você está bem?-perguntou uma voz masculina que parecia estar muito distante dali. -David, David! Pode me ouvir?

David subitamente acorda de seu sonho, muito ofegante. Perto dele, estava Erin, e a expressão de seu amigo mostrava muita preocupação.

-David, você está bem? –perguntou Erin pela segunda vez. -Você estava tendo um pesadelo? Estava se contorcendo, gritando e suando de um jeito muito estranho...

-Sim, mas não me lembro do sonho, só sei que foi angustiante... -respondeu David, finalmente recobrando sua razão e esfregando seus olhos castanhos, ao mesmo tempo em que percebeu o suor escorrendo pela sua face e o enxugou.

-Foi um pesadelo com a garota de cabelo esquisito?-perguntou Erin, ainda com uma cara de preocupação e franzindo a testa.

-Foi sim, mas não quero falar sobre isso agora, minha cabeça dói... É melhor irmos direto para o laboratório!-respondeu David, levantando-se rapidamente de sua cama e indo direto para o banheiro.

Erin o observou pensativo.

-Tem alguma coisa errada com ele...

David lavou o rosto. Começou a se sentir um pouco culpado por não ter contado a verdade à Erin. Na verdade, ele conseguia lembrar-se muito bem do sonho que acabara de ter, cada detalhe fervilhava em sua mente naquele momento: os olhos azuis com pupilas de gato, a voz da garota, o sangue... As vertigens...

Os dois rapazes se prepararam para o trabalho, vestiram seus jalecos amassados, calçaram seus sapatos de borracha e tomaram o café da manhã no refeitório secundário, que ficava perto dos últimos dormitórios. Chegaram ao laboratório 513 às 7 da manhã. Nenhum outro laboratório estava funcionando naquele horário.

-Viemos cedo demais, deveríamos ter ficado um pouco mais em nosso dormitório!-resmungou Erin.

-Podemos adiantar a pesquisa, e além do mais, não é hoje que o nosso novo companheiro de laboratório vai chegar?-perguntou David, abrindo o armário e tirando um pequeno microscópio da prateleira de baixo.

-Tem razão! É por isso que nós temos que nos impor! Mostrar quem manda aqui!-respondeu Erin, estufando o peito, fazendo David dar uma gargalhada.

-Você está exagerando! E é melhor tomar cuidado para não arrumar briga com o novato logo no primeiro dia! -falou David, colocando o pequeno microscópio em cima de sua mesa.

Poucos segundos depois, alguém bate na porta do laboratório. David e Erin se surpreendem.

-Quem será a essa hora da matina? -perguntou Erin, desconfiado.

-Não sei, mas vamos ver!-respondeu David, andando em direção à porta e abrindo-a.

Erin esticou o pescoço para ver quem era. Ficou estático e boquiaberto depois de perceber que havia ali uma linda garota de cabelos negros e compridos, olhos verdes e pele cor de pêssego. David também ficou admirado, porém não tanto quanto Erin, que quase tropeçou enquanto tentava se aproximar da porta.

O rapaz empurrou David para um canto e perguntou com um sorriso sedutor:

-Posso saber o que a senhorita deseja?

-Ah... Sinto muito por vir tão cedo, é que eu estava muito ansiosa! Sempre sonhei em trabalhar aqui!-respondeu a garota meio encabulada, porém com uma voz cheia de empolgação, esticando o pescoço e espiando dentro do laboratório.

-Não me diga que você é... -disse David, logo sendo interrompido por Erin.

-Você é a nossa nova companheira de laboratório? –perguntou Erin, arregalando os olhos.

-Muito prazer, sou Joanna Lidberg, sua nova companheira de laboratório! Espero fazer um bom trabalho em equipe! –respondeu a garota, esticando a mão em direção à Erin.

-O prazer é meu, sou Erin Byrne! -disse o rapaz entusiasmado, apertando a mão de Joanna e levando-a para dentro da sala.

-Lidberg, foi isso que você disse?-perguntou David, meio desconfiado.

-Qual o seu problema, David, vai dizer que não gostou do sobrenome da garota? Não implique com ela!-reclamou Erin, deixando David irritado.

-Eu não estou implicando com ela! O que foi que deu em você? -falou David, encarando Erin e Joanna de um jeito aborrecido. -Seu nome é Joanna Lidberg, não é mesmo?

-Sim, algum problema?-perguntou Joanna, enquanto Erin caminhava até o frigobar, retirando de lá uma jarra de suco e dois copos.

-Você é parente de Marcus Lidberg? –perguntou David. Nesse exato momento, Erin se assustou com a pergunta e derrubou a jarra de suco no chão, espalhando cacos de vidro pela sala.

-Erin! Tome mais cuidado, podia ter atingido um de nossos aparelhos! Eles foram caríssimos! -resmungou David, enquanto Erin se manteve estático e ainda assustado.

-V-Você é... Parente do Marcus? –gaguejou Erin, incrédulo.

-Sou sim, ele é meu irmão mais velho, mas... Qual o problema? Vocês... São amigos? -perguntou Joanna, percebendo certo clima de tensão.

David e Erin se entreolham preocupados.

-É... Senhorita Joanna, você já acertou toda a papelada para trabalhar aqui em Smart City? –perguntou David de modo apressado.

-Bom, na verdade, faltam alguns documentos... Mas... -respondeu Joanna, sendo imediatamente interrompida por David.

-Pois então trate de resolver logo isso! Nós não queremos que você tenha problemas burocráticos pendentes, isso pode dar muita dor de cabeça depois! -falou David, empurrando Joanna até a porta e tirando-a da sala. –E não volte aqui até resolver tudo! –completou o rapaz, fechando a porta na cara da garota e espiando pelo visor para ver se ela já tinha ido embora.

-Ufa! –suspirou David.

-Droga!-resmungou Erin, suspirando depois.

-Você não tem vergonha? Estava dando em cima da irmã do desgraçado! -reclamou David, totalmente irritado.

-Acha que eu faria isso se soubesse quem ela era? -praguejou Erin, levando uma das mãos à cabeça e andando de um lado para outro. - Será que ela está aqui para espionar a gente?

-Não sei, mas aquele cara é capaz de tudo, não duvido nada que ele tenha usado a sua influência para colocar a irmã aqui dentro... -respondeu David, pensativo.

-E ainda por cima em NOSSO laboratório! Fazendo parte da NOSSA equipe! -falou Erin, mostrando-se indignado.

-Nós precisávamos de alguém na equipe, afinal, Mauro foi trabalhar para a NASA e nem teve a consideração de nos avisar com antecedência...

-Mas tinha que ser ela? -reclamou Erin inconformado, arrepiando os cabelos encaracolados com as mãos. -Tão bonita... E tão suspeita!

O telefone toca na mesa de Erin. O rapaz tenta se acalmar, respira fundo e depois de se recompor, atende ao telefone tranquilamente.

-Alô, quem fala? Hum... Sei, isso é raro... Sim, tudo bem... Estaremos lá então! Até breve!

-Quem era?-perguntou David, curioso.

-Era o assistente do chefe de setor... Ele disse que temos uma reunião, o assunto é meio estranho... Vamos ter que mudar de laboratório! –respondeu Erin, com uma expressão preocupada.

-Hã? Mas por quê? -perguntou David, muito surpreso e confuso.

-Isso nós só iremos saber durante a reunião... -disse Erin, sentando-se em sua cadeira, totalmente exausto, voltando a pôr a mão na cabeça e embaraçando os cabelos.

Depois de alguns minutos, Joanna volta ao laboratório dizendo que já havia resolvido todas as pendências burocráticas. David apenas fingiu que não a escutou e continuou digitando rapidamente em seu computador, enquanto Erin a encarava de um jeito estranho, como se estivesse decepcionado com algo que ela fez.

-Temos uma reunião hoje, às nove. Como agora você também faz parte da equipe, deve ir conosco. – Falou David, mas nem sequer olhou para ela e continuou digitando em seu computador.

-Sim senhor! E qual o assunto da reunião? -perguntou Joanna, arrumando sua nova mesa que antes era de Mauro e estava muito bagunçada.

-Você saberá na hora certa! -respondeu David vagamente, enquanto Erin insistia em encarar Joanna de um jeito estranho, deixando-a meio desconfiada.

Os três entraram na sala de reuniões do último setor. David e Erin sentaram-se muito afastados de Joanna, mas ela fez questão de se levantar e ir sentar perto deles, deixando-os irritados e finalmente fazendo com que a garota percebesse que os dois não gostavam dela. O chefe de setor chamava-se Karl Marino, era um homem de meia idade, cabelos grisalhos e bigodes, estava com uma expressão séria no rosto.

-Bom, antes de tudo, quero dar as boas vindas ao nosso novo membro, seja bem-vinda Joanna Lidberg! -falou Marino.

-Obrigada! Estou muito feliz de estar aqui, sempre foi meu maior sonho trabalhar em Smart City! -disse Joanna, deixando de lado o seu desgosto pelos dois rapazes sentados ao seu lado e transparecendo um brilho em seus lindos olhos verdes.

-Estamos aqui para uma reunião muito séria. Há algum tempo atrás, a equipe do laboratório 513 foi cogitada para se juntar ao novo setor que estava sendo desenvolvido em prol dos resultados da viagem ao planeta Babylon. O chefe do departamento de investigação e desenvolvimento de estruturas espaciais já tinha informado a todos os setores que alguns deles poderiam ser unificados para tornar a pesquisa mais eficiente de forma a dar resultados imediatos. Bom, devo informar a vocês que o laboratório de estudos de organismos multicelulares extraterrestres será unificado com mais quatro laboratórios, e que a partir de hoje, vocês serão os responsáveis por todo e qualquer organismo multicelular que será trazido do planeta Babylon. - explicou Marino, ajeitando seus óculos.

-Espera aí, mas o que será trazido de Babylon? –perguntou David, já preocupado com a resposta.

-Ainda não temos essa informação... - respondeu Marino, sendo interrompido por Erin.

-Como assim? Isso é uma piada! Como vamos nos preparar para trabalhar com algo que não temos a mínima ideia do que seja? -replicou Erin, indignado.

-Não podemos dar essa informação, tudo que vocês precisam saber será dito pelos seus superiores, que de agora em diante serão os membros do antigo laboratório 220.

-Laboratório 220? Eles não são os responsáveis pelos testes de sobrevivência? Por que eles serão nossos superiores? -perguntou David, sentindo um pequeno incômodo na garganta que o fazia ficar um pouco ofegante.

-Acho que a reunião termina por aqui, espero que vocês tenham ficado felizes com essa notícia. –falou Marino, ignorando as perguntas de David e levantando-se da cadeira.

-Espere! O senhor não nos disse por que eles serão nossos superiores! –argumentou David, porém Karl fingiu-se de surdo e dirigiu-se até a porta da sala de reuniões.

-Fiquem felizes, vocês terão um aumento significativo em seus salários! Ah! E não se esqueçam, vocês devem se mudar para o novo setor ainda hoje! Comecem a arrumar suas coisas! -falou Karl, não dando a mínima atenção para os apelos de David e saindo rapidamente da sala.

-Mais que desgraçado! -resmungou Erin. –Fingindo que não sabe de nada!

-Minha intuição me diz que essa mudança de setor não vai ser nada boa! -falou David, retirando seus óculos e coçando seus olhos cansados.

-Tenho quase certeza de que tudo isso é culpa daquele desgraçado do Marcus! -disse Erin, esquecendo-se de que Joanna estava escutando toda a conversa.

-Erin! –ralhou David, porém já era tarde demais e Joanna começou a encarar os dois, completamente furiosa.

-ENTÃO É ISSO? É POR ISSO QUE NÃO GOSTAM DE MIM?-praguejou ela em voz alta.

-Não é isso... -disse David, tentando acalmar a jovem, porém foi imediatamente interrompido.

-CALE A BOCA! VOCÊ TEM IDEIA DO QUANTO EU ME ESFORCEI PARA ESTAR AQUI? -disse ela em voz altiva, com uma expressão enfurecida no rosto. -NÃO ME IMPORTA QUE VOCÊS E MEU IRMÃO SEJAM INIMIGOS! NÃO QUERO SABER O MOTIVO E MUITO MENOS QUEM ESTÁ CERTO OU ERRADO! SE VOCÊS NÃO ME TRATAREM COMO UM MEMBRO DA EQUIPE, EU FAREI DE SUAS VIDAS UM INFERNO!

Os dois rapazes ficaram assustados e boquiabertos. Joanna saiu marchando da sala e bateu a porta com força. David e Erin entreolharam-se e suspiraram desesperançados.

-Agora temos uma garota furiosa em nossa equipe... – sussurrou David, cheio de desânimo na voz.

-Bom, mas temos de admitir que ela tem personalidade! –falou Erin, olhando para a porta fechada da sala de reuniões.


-Personalidade? –perguntou David em tom de ironia, encarando Erin e soltando uma risada de deboche. Depois balançou a cabeça em desaprovação.







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