sábado, 11 de julho de 2020

Resenha de livro: Os testamentos


Olá pessoal!

De volta ao blog e dessa vez venho com uma postagem rara: resenha de livro!

Isso mesmo!

E o livro resenhado de hoje será "Os testamentos", de Margaret Atwood. Esse livro é uma continuação do livro "O conto da Aia", o qual é baseada a série The Handmaid's Tale.



Margaret Atwood

Bom, talvez vocês já saibam que eu sou muito fã de The Handmaid's Tale, e até já fiz a recomendação dessa série aqui no blog.

Por que eu sempre falava bem dessa série, uma amiga acabou me dando o livro Os testamentos como presente de aniversário e, claro, eu fiquei super empolgada para saber como seria a continuação da história.

Diferente da série e do primeiro livro, Os testamentos tem uma historia narrada por três protagonistas: Tia Lydia, Agnes (Hannah, a filha mais velha de June) e Daisy (Nicole, a filha mais nova de June).

O livro em si é uma resposta que muitos fãs fizeram à Atwood: Como e quando a República de Gilead teve seu fim? Além disso, ele também dá algumas respostas sobre o paradeiro de June e de suas filhas, e a relação delas com a ruína de Gilead.



Confesso que quando comecei a ler o livro, não me empolguei muito. Eu estava empolgada sim antes de começar a ler, mas quando comecei, fiquei um pouco decepcionada. E o motivo disso? Bem, o livro começa com a narração da primeira protagonista: Tia Lydia.

Eu não gosto dessa personagem, então não fiquei mais tão animada depois de ler o primeiro capítulo. Claro que mesmo assim eu continuei, achei a narrativa um pouco arrastada, apesar de que quando chegava nos capítulos narrados pelas outras duas protagonistas, eu me animava mais.

Fiz várias pausas. Lia um dia e oito não. No entanto, a medida que fui passando pelos capítulos, a história foi ficando mais e mais interessante e a narrativa arrastada deu lugar a uma narrativa mais frenética.

Devo dizer que cada protagonista tem a sua própria cor. Enquanto Tia Lydia narra sua história de maneira séria e calculista, Agnes narra de maneira mais emocional. Enquanto isso, Daisy usa uma narrativa cheia de energia e bem humorada, afinal, é o ponto de vista de uma adolescente que cresceu no Canadá e não sofreu toda a violência de Gilead. 



Eu diria que a história vai crescendo à medida que você vai descobrindo qual a relação e a importância de cada protagonista na trama. Quando você "liga os pontos", então não tem mais como parar de continuar lendo, o vício vem. Pelo menos pra mim foi assim. No começo fiquei desapontada, achei a narrativa meio arrastada e chata, mas depois fui ficando viciada à medida que avançava em cada capítulo.

Não sei se outros leitores vão concordar comigo, mas também achei que o desfecho da história foi rápido e "fácil" demais. Eu esperava algo mais visceral, que tivesse muitos obstáculos até chegar ao fim propriamente dito. Mas não foi exatamente assim que aconteceu. No entanto, não foi decepcionante, só foi menos emocionante.

Apesar das críticas, eu gostei do final. Principalmente por que... Bem, agora é hora dos spoilers! Hehehe


Aviso: Contém spoilers
Alerta de gatilho: pedofilia/abuso sexual/suicídio

Vamos lá... Acho que vou começar falando do final. Se você veio parar aqui por que é uma pessoa curiosa e quer saber se a June morre no final, eu vou sanar sua curiosidade: Não, ela não morre.

June foge para o Canadá. No entanto, ela não reencontra suas filhas logo de imediato. Ela passa 15 anos como fugitiva e só deixa seu esconderijo depois de saber que suas duas filhas também estão no Canadá e que Gilead foi arruinada. Ou seja, desde os acontecimentos do livro O conto da Aia e da série, passam-se 15 anos.

No final, June reencontra suas duas filhas. Hannah, que agora se chama Agnes e já é adulta, e Nicole, que agora se chama Daisy e é uma adolescente teimosa.

Agnes vive uma boa parte de sua vida em Gilead, e só no final que ela foge de lá. Ela aprende todos os preceitos religiosos e de como uma "boa" mulher e esposa deve se portar. No entanto, ela é parecida com June em muitos aspectos. Ela é uma sobrevivente como sua mãe, apesar de ter sido educada para ser uma mulher de Gilead.

Quando adolescente, Agnes sofre abuso sexual por parte do pai de uma de suas amigas. Para mim essa cena do abuso, descrita no livro, foi a pior cena, muito indigesta. A autora não entra em detalhes, no entanto, não é necessário uma descrição minuciosa para chocar.

Além disso, o pai dessa amiga também abusou da própria filha quando ela tinha apenas 4 anos de idade.

É muito triste ver o quanto a vítima de abuso fica seriamente afetada pelo que aconteceu, chegando até mesmo a tentar suicídio para evitar o casamento e a "conjunção carnal" com outro homem.

E claro, essas coisas mostradas no livro não estão lá a toa. Elas servem como uma crítica severa a nossa sociedade (e "humanidade"). Assim como também remete (não de forma direta) à muitos casos de instituições religiosas ou mesmo famílias/comunidades religiosas envolvidas em casos de pedofilia.

É mostrado também como as mulheres em Gilead são ensinadas a se culparem se algum abuso acontecer. Elas aprendem desde pequenas que são a tentação dos homens, e se um homem comete abuso, a mulher é a culpada, seja por que se insinuou, ou por que não estava vestindo roupas apropriadas, entre outras desculpas. Culpar a vítima também faz parte da nossa sociedade. E mais uma vez Atwood vai lá e aponta todas as atrocidades que não acontecem somente na ficção, mas também acontecem no mundo real, todos os dias.

Bem... Será que dou mais spoilers? Hum...

Sobre Gilead, a pessoa responsável por derruba-la foi ninguém menos do que a Tia Lydia. Sim, isso mesmo. A personagem que eu odiava tanto foi a grande "salvadora". Não vou entrar em detalhes de como ela faz isso, se você quiser saber então vai ter que ler o livro hehehe 

É claro que ela também não saiu impune, mas Tia Lydia já estava preparada para sofrer as consequências de todos os crimes que havia cometido.

A trama do livro Os Testamentos não está mais centralizada nas Aias, e sim nas Tias, que são as únicas mulheres que tem permissão para ler e não são obrigadas a se casar. As Tias são aquelas que controlam as mulheres de Gilead, que as educam, que as mantém sob o "cabresto".

E são elas também que detém grande informação sobre Gilead de coisas que acontecem por "debaixo dos panos". Tia Lydia foi muito inteligente e calculista, e com a sua frieza ela conseguiu enganar todos ao seu redor. Remorso e vingança foram o seu principal motor.

Bem... Acho que vou ficando por aqui. Já dei spoilers demais hehehe 

Se eu tivesse que dar uma nota ao livro, daria 8,0.



Até mais pessoal! E fiquem em casa se puderem! Eu sei que atualmente os governantes desse país estão fingindo que tá tudo bem e que a pandemia já acabou, mas os 70 mil mortos estão aí para provar que o perigo ainda está presente, então evitem aglomerações e, por favor, usem máscara e higienizem as mãos para evitar pegar o vírus!

Bye bye! 




2 comentários:

  1. Origada por essa resenha! Comecei a ler o livro e tambem achei massante, acabei desistindo. Tô amando a quarta temporada da série e o fato da June ter sido bem recebida no Canadá, nao precisou ficar escondida. Acho que a dinamica vai ser mais interessante no serieado.
    E sobre a pandemia... meu coração apertou ao ler "70 mil mortos" e saber que hoje estamos em quase 500 mil. Muito dificil... Mas seguimos.

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    1. Oi Carol! Fico feliz que tenha gostado da resenha! E sim, o livro é meio chatinho no começo mas se você passar por essa fase acaba viciando nele! rsrs Também acho que na série vai ser mais interessante! Estou gostando bastante!

      Nem me fale, faz quase um ano que eu fiz essa postagem e olha onde estamos! Quase 500 mil mortos T-T

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